Abril Day: Assine Digital Completo por 1,99
Imagem Blog

Com a Palavra

Por Blog Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
Neste espaço exclusivo, especialistas, professores e ativistas dão sua visão sobre questões cruciais no universo da saúde

Violência infantil: é urgente proteger quem ainda não sabe pedir socorro

No Dia Nacional de Combate ao Abuso e à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes, entenda o cenário atual do país e seus problemas

Por Marianne Bonilha, psicóloga, e Maria Cristina Marcelo da Silveira, pediatra*
18 Maio 2025, 06h00
violencia-infantil
foto de menino fazendo basta com as mãos (Freepik/Reprodução)
Continua após publicidade

Sensibilizar a sociedade sobre os direitos de crianças e adolescentes, estimular a prevenção e incentivar a denúncia contra a violência infantojuvenil tem sido um desafio desde o ano 2000, quando 18 de maio foi instituído como Dia Nacional de Combate ao Abuso e à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes.

A data remete ao assassinato de Araceli Cabrera Sánchez Crespo, de 8 anos, em 1973. O crime permanece impune e se tornou símbolo da luta contra essas violências. Em 2022, a iniciativa foi reforçada com a criação do Maio Laranja, porque dar visibilidade à questão é imprescindível.

A realidade nacional reflete um padrão alarmante. Em 2023, o Disque 100 registrou mais de 82 mil denúncias, a maioria relacionada a abuso sexual no ambiente familiar.

Quase 40% das vítimas tinham até 6 anos, justamente a faixa etária mais vulnerável, a primeira infância. Dados do Pequeno Príncipe, maior e mais completo hospital pediátrico do país, reforçam as estatísticas nacionais: 72% dos casos atendidos são intrafamiliares, com predomínio de abuso sexual e vítimas com menos de 6 anos.

+Leia também: Uma em cada dez crianças já foi vítima de violência sexual no mundo

Nessa fase, o cérebro está em formação, e as experiências moldam o desenvolvimento emocional e social. Crianças pequenas têm recursos limitados para expressar o que sentem e dependem inteiramente dos adultos para proteção. O lar, que deveria ser um espaço de segurança, tem se revelado, para muitos, um lugar de dor e violação.

Continua após a publicidade

A exposição precoce à violência gera estresse tóxico, afetando a formação da identidade e das relações futuras. O abuso sexual compromete a constituição psíquica, rompendo os limites necessários à convivência em sociedade.

A quebra do tabu do incesto desestrutura as referências internas da criança. Quando é tratada como se fosse um objeto pelo adulto, ela é exposta a práticas que não compreende, tendo como consequência um sofrimento duradouro. Quanto mais precoce o abuso, mais profundas são as marcas.

Sem repertório para entender ou verbalizar o que vive, a criança expressa o trauma com mudanças sutis: regressão de comportamento, medo, alterações no sono e no desempenho escolar.

Continua após a publicidade

A resposta a esse cenário passa por educação, acolhimento e denúncia. A violência contra crianças é crime, e sua suspeita deve ser notificada, conforme prevê o Estatuto da Criança e do Adolescente.

Por isso, o olhar atento de adultos – familiares, professores e profissionais de saúde – é fundamental. A sociedade deve conhecer os sinais e, diante de suspeitas, fazer a denúncia, que pode ser anônima, por meio do Disque 100.

Além disso, ensinar a criança, de forma lúdica e respeitosa, a reconhecer toques inadequados e a contar quando algo a incomodar é outra medida essencial. Livros, vídeos e conversas diretas – adaptados à idade – ajudam a romper o silêncio e prevenir abusos.

Continua após a publicidade

+Leia também: É preciso dar um basta ao abuso sexual de crianças e adolescentes

Há 105 anos, o Pequeno Príncipe surgiu da necessidade de oferecer atendimento em saúde, com olhar de proteção ampliado e, desde 2006, mobiliza a sociedade com a Campanha Pra Toda Vida – A Violência não Pode Marcar o Futuro das Crianças e Adolescentes.

A iniciativa aborda ações que vão da capacitação de profissionais à produção de conteúdos educativos e lúdicos. Com esse compromisso histórico, o Hospital reforça que proteger a infância não é apenas dever das instituições, mas de toda a sociedade. Denunciar, acolher e educar, essas são responsabilidades coletivas e urgentes.

*Marianne Bonilha é psicóloga clínica, com especialização em psicanálise, do Hospital Pequeno Príncipe. Maria Cristina Marcelo da Silveira é pediatra. do Pequeno Príncipe, coordenadora da Emergência SUS da instituição e é docente na Faculdade Pequeno Príncipe

Compartilhe essa matéria via:
Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

ABRILDAY

Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*
Apenas 1,99/mês*

Revista em Casa + Digital Completo

Receba Veja Saúde impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*
A partir de 10,99/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$23,88, equivalente a 1,99/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.