Você sabia que a varíola dos macacos pode afetar os olhos? Estima-se que cerca de 20% ou 25% das pessoas acometidas pela doença apresentem sinais oculares, como a conjuntivite.
Ao contrário do entendimento do senso comum, a maioria das ocorrências de conjuntivite é causada por uma infecção viral, que é justamente o caso da varíola.
No caso de conjuntivite que se desenvolve a partir dessa doença, o olho pode ficar vermelho, inchado, inflamado e lacrimejar profusamente – dessa forma, é possível que a área fique mais sensível e dolorida.
Outro sinal de alerta é a visão turva. Em casos piores, podem ocorrer lesões devido à coceira, resultando em úlceras (que são feridas abertas) na área da conjuntiva, que é a membrana mucosa transparente que protege o globo ocular – ou até mesmo na córnea, que desempenha um papel essencial na formação das imagens, ou seja, na funcionalidade da nossa visão.
As úlceras na córnea são particularmente perigosas porque podem causar cicatrizes e até cegueira permanente.
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Se a área ainda for acometida por uma infecção bacteriana, que é facilitada pela presença da úlcera ou ferida, há o risco de essa situação se agravar e levar até mesmo à perda do olho.
Nesses casos, a automedicação é bastante perigosa. Por isso é importante buscar a avaliação de um oftalmologista.
Tempo seco é fator agravante
Um complicador adicional é que estamos em um período de baixa umidade relativa do ar, e pessoas com olhos muito secos ficam mais suscetíveis às agressões externas.
Assim, manter as mãos higienizadas e evitar levá-las aos olhos ajuda a prevenir complicações.
A boa notícia é que a maioria dos casos documentados de conjuntivite associada à varíola dos macacos não progride para um estágio tão grave.
Problemas na área dos olhos podem ser resolvidos com acompanhamento médico e tratamento adequado em cerca de duas ou quatro semanas.
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Se houver suspeita de algum tipo de conjuntivite, é essencial consultar o oftalmologista para avaliar hipóteses que ajudem a identificar ou descartar a varíola dos macacos.
Em consultório, o médico poderá examinar os linfonodos, até para descartar a possibilidade da conjuntivite associada ao adenovírus, cujos sinais muitas vezes se confundem com os da conjuntivite da varíola dos macacos.
E não custa ressaltar: os olhos são estruturas extremamente complexas e sensíveis, e o corpo é completamente interligado. Por isso, em caso de qualquer sintoma na área, nada de ficar coçando, pingar colírio por conta própria e muito menos tentar manusear a região com receitas caseiras ou “soluções” milagrosas recomendadas por parentes ou amigos.
Procure o oftalmologista. Às vezes, o que parece não ser nada demais pode ser indício de alguma condição de saúde capaz de se tornar mais séria – e que terá mais chance de cura se flagrada precocemente. Prevenir e monitorar é sempre melhor do que remediar.
*Tiago César Pereira Ferreira é oftalmologista especialista em cirurgia refrativa, lentes de contato, ceratocone e catarata