Black Friday: Assine a partir de 1,49/semana

Com a Palavra

Por Blog Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Neste espaço exclusivo, especialistas, professores e ativistas dão sua visão sobre questões cruciais no universo da saúde
Continua após publicidade

Receber óvulos de uma doadora: plano B de maternidade?

A chamada ovorecepção abre nova possibilidade para mulheres que desejam um filho e têm baixa reserva ovariana. Mas o processo gera dúvidas e temores

Por Helena Loureiro Montagnini, psicóloga*
8 out 2022, 09h11
  • Seguir materia Seguindo materia
  • “Quando você vai ter um bebê, é como planejar uma fabulosa viagem de férias – para a Itália. Você compra uma penca de guias de viagem e faz planos maravilhosos… É tudo muito empolgante.

    Após meses de ansiosa expectativa, finalmente chega o dia. Você arruma suas malas e parte. Várias horas depois, o avião aterrissa. A comissária de bordo diz: ‘Bem-vindos à Holanda’.

    Houve uma mudança de plano de voo. Eles aterrissaram na Holanda, e lá você deve ficar. O mais importante é que não levaram você para um lugar horrível, repulsivo, imundo. É apenas um lugar diferente.

    Você pode ficar lamentando não ter ido para a Itália, pois é o que tinha planejado. A dor que isso causa não irá embora nunca mais, porque a perda desse sonho é uma perda extremamente significativa.

    Porém, se passar sua vida lamentando o fato de não ter chegado à Itália, você nunca estará livre para aproveitar as coisas muito especiais, as coisas adoráveis… da Holanda”.

    A fábula “Bem-vindo à Holanda” foi escrita por Emily Perl Kingsley em 1987 e fala sobre desejos, expectativas, planos e frustrações. A pessoa que sonha em ter um filho e se depara com a infertilidade percorre um caminho por vezes muito longo e similar.

    Continua após a publicidade

    Há um enorme investimento emocional, financeiro e de tempo no filho desejado.

    Use a caixa de busca ou clique no índice para encontrar o verbete desejado:

    Nessa trajetória, a indicação de utilizar óvulos doados – procedimento conhecido como ovorecepção – e poder gestar um bebê abre uma nova possibilidade para mulheres com baixa reserva ovariana, mas nem sempre essa decisão é simples.

    A ovorecepção costuma ser recebida com uma mistura de sentimentos, pois aponta para uma alternativa diferente da que se esperava inicialmente, como gestar um filho biológico, com características de cada um dos membros do casal, dando continuidade à linhagem genética das famílias.

    Continua após a publicidade

    Receber os óvulos implica em aceitar a participação de outra pessoa, a doadora, no processo de maternidade/paternidade, entender os limites do próprio corpo e também lidar com perdas.

    É a perda do filho idealizado, que teria a carga genética da mãe e do pai. Perda da ilusão de controle sobre o corpo e dos planos traçados. Além do sentimento de impotência que acompanha muitas dessas mulheres.

    Há de se considerar também alguns desdobramentos inevitáveis da ovorecepção. A história dessa família, de sua origem, será contada para os parentes, amigos e para o filho? Essa é uma decisão difícil, já que depende de crenças, temores, fantasias e sentimentos muitas vezes desconhecidos.

    Muitos se preocupam com as consequências da revelação, desconsiderando aquelas que podem surgir como resultado do silêncio e do segredo nas relações familiares.

    Continua após a publicidade

    BUSCA DE MEDICAMENTOS Informações Legais

    DISTRIBUÍDO POR

    Consulte remédios com os melhores preços

    Favor usar palavras com mais de dois caracteres
    DISTRIBUÍDO POR

    A importância do apoio psicológico

    Vários sentimentos são mobilizados e podem ser identificados e trabalhados com ajuda profissional.

    Não raro, a ovorecepção é referida como “a alternativa que restou”, “a ausência de alternativas” ou o “plano B” – assim como a Holanda do conto que abre esse artigo.

    Por isso, ressalto a importância de uma escuta atenta para o modo como se decidiu fazer o tratamento com óvulos doados, com as necessárias e pertinentes reformulações das noções da maternidade.

    Continua após a publicidade

    Assim como ir para a Holanda, é bom que haja um tempo para preparar a bagagem para adentrar esse caminho. Refletir e se escutar. Entrar em contato com sentimentos, medos, preocupações, crenças… e lidar com eles.

    Nesse caminho, a bagagem se tornará mais leve. É o processo de aceitação, que possibilitará que a ovorecepção seja transformada no plano A – ou seja, desejado e escolhido. E que esse filho seja esperado com sua singularidade, suas diferenças e todos os desafios que apresentará. Como todos os filhos.

    *Helena Loureiro Montagnini é psicóloga da Clínica Huntington de Medicina Reprodutiva

    Publicidade

    Publicidade

    Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

    Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

    Black Friday

    A melhor notícia da Black Friday

    BLACK
    FRIDAY
    Digital Completo
    Digital Completo

    Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

    Apenas 5,99/mês*

    ou
    BLACK
    FRIDAY

    MELHOR
    OFERTA

    Impressa + Digital
    Impressa + Digital

    Receba Veja Saúde impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

    a partir de 10,99/mês

    ou

    *Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
    *Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a 5,99/mês.

    PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
    Fechar

    Não vá embora sem ler essa matéria!
    Assista um anúncio e leia grátis
    CLIQUE AQUI.