Diante da ameaça do novo coronavírus, vivemos um momento que demanda uma resposta coordenada das instituições de saúde pública e privada nunca vista nessas proporções em escala mundial. Para garantir o atendimento de um grande número de pacientes, é necessário criar fluxos específicos, mobilizar força de trabalho qualificada, disponibilizar insumos como máscaras e ventiladores mecânicos e até mesmo construir hospitais de campanha e ampliar os leitos de unidades de terapia intensiva, as UTIs.
O SUS é um dos sistemas de saúde mais robustos do mundo. Até o início de março, havia uma média de 2,62 leitos de UTI para cada 100 mil habitantes, o que nos coloca à frente de países que já estão encarando a pandemia de maneira dramática, como a Itália. No entanto, ainda é um desafio prever seu impacto aqui. Se hoje vemos a maioria dos casos graves serem atendidos no ambiente privado, em breve o SUS sentirá a demanda com muito mais força. Dessa forma, o público e o privado deverão se unir no enfrentamento.
No HCor, já contribuímos com a esfera pública por meio do Programa de Apoio ao Desenvolvimento Institucional do Sistema Único de Saúde, o Proadi-SUS, transferindo nossa experiência por meio de iniciativas que trazem inovação e eficiência aos processos.
Neste momento crítico, o papel da nossa e de outras instituições privadas é manter a sinergia com o SUS. Entre outras frentes, estamos ampliando o uso de telemedicina para apoiar o cuidado a distância, mitigando riscos e apoiando a tomada de decisão no combate à pandemia. E já nos mostramos aptos a dar suporte a UPAs (Unidades de Pronto Atendimento), com o uso de telemedicina e telessaúde, bem como a UTIs,
com o serviço de Tele-UTI.
Uma das principais lições que levaremos é a necessidade de debater o investimento em gestão de saúde como pauta central. Teremos um novo sistema de saúde pós-Covid-19, que atualmente está sendo desafiado e demandará mudanças estruturais no investimento em pesquisa, tecnologia, qualificação e oferta de serviços de saúde.
Isso significa que os poderes constitucionais deverão se comprometer com orçamentos mais robustos para a saúde pública e com a capacidade do sistema de se reorganizar para garantir a distribuição de recursos. É inegável o protagonismo já alcançado pelo Ministério da Saúde, que deverá ser alçado a uma das áreas mais estratégicas da administração pública ao final deste episódio. Do nosso lado, juntos ao SUS, estamos prontos para enfrentar o maior desafio de saúde do século.
* Fernando Torelly é CEO do HCor, em São Paulo, instituição que faz parte do Programa de Apoio ao Desenvolvimento Institucional do Sistema Único de Saúde (Proadi-SUS)