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Os 3 estágios da prevenção da dor crônica

Evitar o desconforto, impedir que ele se cronifique ou lidar com suas consequências. Uma especialista revela o que fazer em cada uma dessas etapas

Por Mariana Schamas, cinesiologista
9 set 2022, 10h24
Homem contorcido com mãos nas costas
As dores são um problema comum de saúde, mas que não pode ser negligenciado (Foto: Sam Burriss/Unsplash/Divulgação)
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Você sente dor? Então não está sozinho: 32% da população mundial sente algum tipo de dor por mais de três meses. Estima-se que 1 em cada 5 pessoas experimenta alguma forma de dor crônica (DC). No Brasil, esse cenário é preocupante: de 37 a 40% da população sofreria com ela.

A dor não é só uma vilã que rouba a qualidade de vida. Ela tem a importante função de alertar que algo não está bem. O problema é o que fazemos normalmente com esse aviso: “Isso não é nada, vai passar, é porque estou cansado.” E vida que segue!

A definição de DC aponta que a dor é uma sensação desagradável (física e emocional) com uma lesão real ou potencial e que dura mais de três meses.  A região “machucada” pode não ter nenhuma lesão ou ter se recuperado do trauma, mas a dor permanece. Por isso, hoje a DC não é considerada mais um sintoma e, sim, uma doença. Pela Classificação Internacional de Doenças, ela ganhou um número: a CID-11. 

Independentemente disso, como evitar ou tratar dores? Vou responder isso trazendo as três formas de prevenção da dor:  primária, secundária e terciária:

Prevenção primária

É basicamente tomar atitudes que impeçam que a dor apareça. Atividade física regular, alimentação equilibrada, boa rotina de sono, cuidados com a postura, gerenciamento do estresse e outros hábitos saudáveis estão entre as medidas preconizadas para fugir de dores crônicas.

Mas devemos também prevenir uma dor aguda, ou seja, aquela que dura menos de três meses e é decorrente de um trauma, seja uma cirurgia, queda, fratura ou outros. Uso de medidas analgésicas, medicamentosas ou não, devem ser implementadas no pós-operatório e no pós-trauma. 

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Remédios, termoterapia (frio ou calor), posturas de acomodação adequadas para facilitar a recuperação, troca de curativos e reabilitação são todas estratégias para que a pessoa não sinta qualquer dor nesse cenário. 

+Leia também: Doenças crônicas não podem ser esquecidas durante a pandemia

Prevenção secundária

Ela tem como premissa identificar a dor em estágios iniciais e limitar sua progressão. Isso principalmente para evitar que um desconforto agudo se torne crônico. Ou seja, que deixe de ser um sintoma e vire uma doença.

Para aplicar a prevenção secundária, temos que identificar e compreender os fatores envolvidos na cronificação. O modelo biopsicossocial-espiritual de manejo da dor nos ajuda a avaliar o indivíduo e suas sensações dolorosas. A DC sempre é influenciada pelos fatores biológicos (inflamação, doenças, genética), psicológicos (emoção, saúde mental, resiliência), sociais (ambiente familiar, amigos, trabalho, dinheiro) e espirituais (crenças, valores de vida). 

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Se olharmos para essa pessoa como um todo e fizermos sugestões de intervenções para todas essas áreas, podemos prevenir que essa dor vire crônica. Também é importante monitorar os desconfortos que passam dos três meses, de modo a impedir que eles perdurem no longo prazo.

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Prevenção terciária

O objetivo aqui é gerenciar e minimizar os efeitos secundários da dor crônica em estado avançado. Por exemplo: incapacidade de realizar tarefas cotidianas, medo de se movimentar, perda de trabalho, depressão, irritabilidade, mudança na dinâmica familiar, entre outros.

O profissional busca restaurar o funcionamento físico, psicológico, social e espiritual do indivíduo com propostas viáveis multiprofissionais, que envolvem médicos, fisioterapeutas, psicólogos, terapeutas ocupacionais, enfermeiros e profissionais de práticas integrativas e complementares.

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Não deixe uma dor aparentemente inofensiva se instalar, se espalhar e, de repente, tomar conta de você. Não deixe a dor controlar sua vida, controle sua dor.

*Mariana Schamas é cinesiologista, pós graduada em dor crônica e criadora do Dolori App e Mètodo ECAD – Estratégias Comportamentais no Alívio da Dor.

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