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O que aprendemos com a pandemia e não podemos esquecer

No Dia Mundial da Saúde, cientista que atuou no mapeamento genético do coronavírus faz um balanço sobre os últimos anos e o que não dá para perder de vista

Por Jaqueline Goes de Jesus, biomédica*
Atualizado em 8 abr 2022, 09h32 - Publicado em 7 abr 2022, 10h46
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  • Passados pouco mais de dois anos desde o início da epidemia de Covid-19 no Brasil, tanto nós, cientistas, quanto a população em geral ainda estamos aprendendo sobre o vírus e como lidar com os diferentes cenários que decorrem dos novos conhecimentos adquiridos com as pesquisas e com o próprio curso da pandemia.

    Nesse tempo em que a comunidade científica se debruçou sobre o patógeno, muitos avanços foram alcançados, entre eles uma melhor compreensão sobre a evolução viral, as formas de infecção, as medidas de prevenção e o efeito das intervenções não farmacológicas, sem falar no desenvolvimento, na aferição da segurança e da eficácia e na aplicação das vacinas.

    Hoje, os cientistas já têm dados suficientes para preconizar e orientar medidas de mitigação da epidemia, como o uso de máscaras, a higienização correta e mais frequente das mãos, o distanciamento social e o isolamento de indivíduos com diagnóstico positivo. Assim como podem sugerir que as pessoas evitem aglomerações e ambientes sem ventilação.

    A ciência também vem comprovando e demonstrando o efeito protetor dos imunizantes por meio de diversos estudos de acompanhamento feitos pelo mundo (aqueles que fazem parte da fase 4).

    É importante sempre lembrarmos que o objetivo das vacinas é reduzir o número de casos graves, internações hospitalares e óbitos, e que isso é alcançado quando o esquema vacinal está completo. Ou seja, é necessário tomar todas as doses no intervalo correto, de acordo com cada fabricante.

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    As doses de reforço são essenciais, porque estamos lidando com um vírus que possui habilidade de acumular mutações em seu genoma. Isso permite a ele escapar da imunidade previamente adquirida por nós, humanos.

    Como o próprio nome diz, as doses de reforço atuam fortalecendo a resposta imune que foi induzida por doses anteriores ou mesmo por uma infecção passada.

    + LEIA TAMBÉM: Por que a terceira dose da vacina faz diferença na proteção contra a Covid-19?

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    foto da pesquisadora no laboratório
    A cientista Jaqueline Goes, que protagonizou estudos sobre o genoma do coronavírus. (Foto: Acervo/Divulgação)

    Após tanto tempo de restrições, estamos vivenciando a reabertura dos espaços e a retomada das atividades sociais e eventos de grande porte. Um dos marcos dessa nova fase é a liberação do uso de máscaras em diversas capitais.

    Todavia, muitos cientistas, preocupados com o surgimento de variantes mais transmissíveis, continuam recomendando o uso das máscaras e das outras medidas de prevenção conhecidas de toda a população.

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    Uma boa notícia é que temos observado a redução no número de casos graves, hospitalizações e óbitos, e esse efeito é decorrente da eficácia das vacinas. Ainda que as medidas não farmacológicas como o uso das máscaras tenham sido aplicadas de forma heterogênea pela população brasileira, também foram responsáveis pela redução da incidência de Covid-19 e outras doenças respiratórias, como a gripe.

    A pandemia, entre outras coisas, nos ajudou a visualizar fragilidades nos processos de valorização da ciência, mas também lançou luz para um trabalho de excelência que vem sendo realizado por grupos de pesquisa no país.

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    E o que não podemos esquecer é que o restabelecimento gradual das nossas velhas novas rotinas depende de usarmos a inteligência e o bom senso na tomada de decisões individuais e coletivas que impactam a todos nós. Só assim garantiremos a nossa proteção e a dos que nos cercam. Agora e no futuro.

    * Jaqueline Goes de Jesus é biomédica, doutora em patologia humana, pesquisadora do Instituto de Medicina Tropical da Universidade de São Paulo (USP) e guia da Equipe Halo, uma iniciativa global que faz parte do projeto Verificado da ONU

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