Assine VEJA SAÚDE por R$2,00/semana
Com a Palavra Por Blog Neste espaço exclusivo, especialistas, professores e ativistas dão sua visão sobre questões cruciais no universo da saúde
Continua após publicidade

O ovo ou a galinha? A complexa relação entre inflamação e dor crônica

Dor e inflamação são fenômenos interligados que precisam ser considerados no planejamento terapêutico de uma série de condições

Por Amelie Falconi, médica especialista em dor*
Atualizado em 3 jul 2023, 10h28 - Publicado em 3 jul 2023, 10h22
  • Seguir materia Seguindo materia
  • A inflamação aguda é uma resposta protetora do organismo, cuja função é eliminar a causa inicial da lesão e iniciar o reparo do tecido.

    Publicidade

    A dor faz parte desse processo, pois boa parte dos mediadores inflamatórios conhecidos gera essa reação que nos causa desconforto. A própria dor, por sua vez, promove a liberação de mais substâncias inflamatórias na corrente sanguínea.

    Publicidade

    Resumidamente, a dor alimenta a inflamação, e vice-versa.

    Em contraste com a inflamação aguda, a inflamação crônica é um processo constante e, muitas vezes, prejudicial, estando presente em uma série de doenças, como periodontite, aterosclerose, artrite reumatoide e até câncer.

    Publicidade

    A inflamação crônica também desempenha um papel crucial na dor crônica.

    Lesões traumáticas, obesidade, doenças degenerativas e autoimunes são exemplos de condições por trás de uma resposta inflamatória persistente. Nela, o sistema imunológico é ativado, liberando mais moléculas inflamatórias e sensibilizando de maneira contínua os receptores celulares da dor.

    Publicidade

    Tal circunstância pode resultar na ativação perene das vias do sistema nervoso que transmitem os impulsos dolorosos, levando a uma perpetuação da dor. A repercussão inflamatória desempenha papel crítico na cronificação nesse contexto

    Continua após a publicidade

    As pesquisas sobre a dor nas últimas décadas estabeleceram que a plasticidade neuronal é um mecanismo-chave para o desenvolvimento e manutenção da dor crônica. Sabemos que a sensibilização periférica é essencial para o desenvolvimento da dor crônica e transição da dor aguda para a crônica.

    Publicidade

    A sensibilização central (ou seja, respostas aprimoradas dos circuitos de dor na medula espinhal e no cérebro) regula a cronicidade da dor, causa a disseminação da dor para além do local da lesão e influencia os aspectos emocionais e afetivos da dor.

    As interações entre inflamação e dor são bidirecionais. Ou seja, os neurônios sensoriais não apenas respondem aos sinais imunológicos, mas também modulam diretamente a inflamação. A redução da inflamação, e o processo mediado pelo sistema imune, é, assim, uma forma de controlar a dor. 

    Publicidade

    + LEIA TAMBÉM: Faz sentido apostar em dieta anti-inflamatória?

    O elo com a obesidade

    O indivíduo com excesso de peso e gordura está mais suscetível à inflamação crônica de baixo grau em todo o corpo, mediada por células do sistema imune chamadas macrófagos.

    Para trazer novas perspectivas ao tratamento da dor crônica, é de suma importância compreender os mecanismos de ativação e polarização destas células e o controle inflamatório.

    Continua após a publicidade

    A gordura visceral é uma fonte da inflamação sistêmica, produzindo moléculas de ação pró ou anti-inflamatória. Sabemos hoje que as células de gordura também interagem com unidades do sistema imunológico, contribuindo para a manutenção ou desativação de processos inflamatórios.

    Nesse sentido, a perda de peso não só concorre para minimizar desgastes físicos  mas também para controle de  células e substâncias pró-inflamatórias a que o organismo está sujeito no contexto da obesidade e de doenças associadas a ela, como o diabetes. 

    Compreender essa relação entre dor crônica e inflamação é essencial para o tratamento adequado. Abordagens terapêuticas que visam reduzir a inflamação, assim como orientações sobre estilo de vida (alimentação, gestão de sono e estresse, emagrecimento, exercícios físicos etc.), costumam ser fundamentais para conter esse processo e as dores atreladas a ele.

    Compartilhe essa matéria via:

    * Amelie Falconi é médica intervencionista em dor e professora de medicina da Faculdade Sinpain e do Einstein, além de coordenadora do Comitê de Medicina Integrativa e Dor Crônica da Sociedade Brasileira do Estudo da Dor (Sbed)

    Publicidade
    Publicidade

    Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

    Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

    Domine o fato. Confie na fonte.

    10 grandes marcas em uma única assinatura digital

    MELHOR
    OFERTA

    Digital Completo
    Digital Completo

    Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

    a partir de R$ 2,00/semana*

    ou
    Impressa + Digital
    Impressa + Digital

    Receba Veja Saúde impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

    a partir de R$ 12,90/mês

    *Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
    *Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

    PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
    Fechar

    Não vá embora sem ler essa matéria!
    Assista um anúncio e leia grátis
    CLIQUE AQUI.