Black Friday: Assine a partir de 1,49/semana

Com a Palavra

Por Blog Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Neste espaço exclusivo, especialistas, professores e ativistas dão sua visão sobre questões cruciais no universo da saúde
Continua após publicidade

Festival expõe nossa relação contraditória com o raro

Festival Raridades, que acontece em novembro, resgata e amplifica discussões sobre doenças raras e seus desafios e vitórias na sociedade

Por Ida Schwartz, geneticista*
20 nov 2020, 16h49
  • Seguir materia Seguindo materia
  • Tudo o que é raro chama a atenção. Sempre foi assim, uma mistura de medo e fascínio. Em saúde, entretanto, o termo “raro” costuma estar associado à exclusão e à invisibilidade. Doenças raras são definidas pela baixa quantidade de pessoas afetadas em determinada área. Elas deveriam convocar o olhar atento do sistema de saúde por serem “diferentes”, mas o que ocorre é exatamente o contrário.

    As doenças raras costumam ser esquecidas nos currículos dos cursos da saúde em prol do estudo de problemas mais frequentes, o que aumenta ainda mais a sua invisibilidade. E os sistemas de saúde tendem a negligenciá-las ao aplicar os recursos econômicos prioritariamente em doenças mais prevalentes, o que colabora para a piora das condições de saúde já debilitadas dessa comunidade.

    Não existe um número que defina o que é “ser raro”. Raciocinar em termos numéricos é complexo, já que existem outras características comuns às doenças raras: a maioria é genética, afeta crianças, demora a ser diagnosticada, tem tratamento, mas não cura. As doenças raras também são crônicas.

    A Política Nacional de Atenção Integrada às Pessoas com Doenças Raras define como raras as doenças que atingem no máximo 65 pessoas a cada 100 mil brasileiros. Muitas doenças podem ser incluídas no grupo, como a hipertensão arterial pulmonar primária, a fenilcetonúria e a síndrome de Williams. Os nomes podem soar estranhos, mas não são mais do que “pneumonia”: é apenas uma questão de nos acostumarmos com eles.

    Quem entre os leitores conhece um membro da comunidade de doenças raras? Não se sabe o número de brasileiros nessas circunstâncias, mas estima-se que sejam entre 7 e 13 milhões de pessoas. Se você disse “não”, talvez conheça alguém dessa comunidade, mas não saiba.

    Continua após a publicidade

    Se a pandemia de Covid-19 afetou a comunidade dos não raros, imagine como afetou os raros. Estudo liderado pelo nosso grupo e realizado em junho incluindo 1 466 brasileiros representando 192 doenças raras mostrou o incremento da vulnerabilidade dessa comunidade no contexto atual: 93,6% dos participantes não saíram da residência ou saíram só quando era essencial e em torno de 70% tiveram consultas e terapias canceladas ou adiadas.

    Não sabemos, ainda, quanto a pandemia e a falta de acesso à saúde atrasaram o diagnóstico de indivíduos com doenças raras e seu tratamento, colaborando, consequentemente, com o surgimento de sequelas evitáveis.

    É necessário que o termo “doença rara” seja incluso em nosso cotidiano mesmo na pandemia. O alcance de iniciativas como o Festival Raridades, que ocorre em novembro, é muito maior do que ampliar o conhecimento sobre essas condições. É uma forma de tornarmos o mundo pandêmico mais colorido, diverso e alegre. Ao mesmo tempo em que salvamos vidas. Pois raros somos muitos.

    * Ida Vanessa Doederlein Schwartz é médica geneticista, professora do Departamento de Genética da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e chefe do Serviço de Genética Médica e do Serviço de Referência em Doenças Raras do Hospital de Clínicas de Porto Alegre

    Publicidade

    Publicidade

    Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

    Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

    Black Friday

    A melhor notícia da Black Friday

    BLACK
    FRIDAY
    Digital Completo
    Digital Completo

    Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

    Apenas 5,99/mês*

    ou
    BLACK
    FRIDAY

    MELHOR
    OFERTA

    Impressa + Digital
    Impressa + Digital

    Receba Veja Saúde impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

    a partir de 10,99/mês

    ou

    *Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
    *Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a 5,99/mês.

    PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
    Fechar

    Não vá embora sem ler essa matéria!
    Assista um anúncio e leia grátis
    CLIQUE AQUI.