O cenário mundial nos propõe uma reflexão sobre a qualidade das informações que chegam até cada um de nós e a forma como nossas escolhas são direcionadas em função delas. A informação está disponível em todos os lugares, seja nas redes sociais, seja nos veículos de mídia tradicionais.
Mesmo sem solicitar, somos inundados por um tsunami de notícias via Whatsapp. O desafio está na criticidade que desenvolvemos em relação ao conteúdo que nos é apresentado. De um momento para outro, fomos apresentados a uma série de informações que não faziam parte da nossa leitura diária. Transmissão comunitária, médias móveis de número de óbitos, dados sobre efetividade e eficácia de vacinas, dentre outros. Sim, assuntos complexos passaram a fazer parte do nosso cotidiano.
Saber traduzir essas informações é um desafio durante uma pandemia, quando a comunicação em saúde pode ser fator decisivo para conter a propagação da doença e preservar a qualidade de vida dos indivíduos e do coletivo.
A educação em saúde propõe a construção de conhecimento, poderosa ferramenta para o desenvolvimento de uma análise crítica em relação às informações que nos chegam, e ajuda a criar pontes para aplicar essas informações de acordo com cada realidade.
Ao considerar essa perspectiva dialógica e diferentes vivências, sem que haja uma hierarquização entre os atores sociais, aposta-se na construção compartilhada do conhecimento. A importância disso fica ainda mais evidente quando, por exemplo, esbarramos em protocolos para o controle da circulação do vírus e do combate à Covid-19 sem considerar a dimensão social — em especial em nosso país, onde a pandemia deflagrou e agravou importantes vulnerabilidades.
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Um olhar não sensível para os determinantes sociais em saúde deixará escapar, por exemplo, que o ato de lavar as mãos pode parecer para muitos um hábito e, para tantos outros, um desafio. Temos um caminho de escassez a ser vencido. Escassez de educação em saúde. Escassez de renda básica, com dificuldades constantes de aquisição de produtos como o sabão. Escassez de saneamento, com a dificuldade de higienização para quem não tem acesso a água limpa e tratada.
A fotografia dos últimos meses mostra um desafio de implementar ações simples para o controle de uma emergência em saúde pública e que depende da ação do coletivo.
O Sesc, por meio de suas equipes de educação em saúde, realiza encontros destinados ao debate e à construção conjunta de caminhos possíveis frente às vulnerabilidades vivenciadas a partir de cada contexto. Em âmbito nacional, por meio de diversas ações junto à população, pavimentamos reflexões buscando a melhoria da qualidade de vida com base em escolhas informadas, tornando o sujeito protagonista de sua própria trajetória e corresponsável pela saúde de toda a comunidade.
Cabe ressaltar que, neste momento, as iniciativas seguem obedecendo decretos governamentais e protocolos de segurança. As unidades móveis do Sesc Saúde Mulher, por exemplo, já voltaram a circular em 12 estados. Elas oferecem serviços gratuitos de rastreamento de câncer de mama e de colo de útero, além de ações educativas de promoção da saúde sexual e saúde reprodutiva. Nos próximos meses, teremos ações educativas específicas em adesão a movimentos como o Outubro Rosa e o Dia Mundial de Luta Contra a Aids, fortalecendo pautas trabalhadas ao longo de todo o ano.
Também somos parceiros da vacinação, realizando ações educativas, abrindo nossas unidades para o funcionamento de postos e auxiliando o poder público nesse grande movimento. A gente sabe que a pandemia vai passar, mas certamente deixará como um dos aprendizados a visão ainda mais ampla sobre a importância do conhecimento e das informações verdadeiras para uma vida mais saudável.
* Sebastiana Regina Marinho Ribeiro é gerente de Saúde do Departamento Nacional do Sesc