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Dor de cabeça é um dos principais sintomas da Covid longa

Sintoma pode aparecer tanto na fase aguda da infecção como no pós-Covid. Médico explica o que já se sabe e o que contempla o tratamento

Por Maurício Souza, neurologista*
27 jun 2022, 12h31
foto de mulher com dor e as mãos na cabeça
Dor de cabeça está entre os cinco sintomas mais comuns da Covid longa.  (Foto: GI/Getty Images)
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Passaram-se pouco mais de dois anos desde o advento da pandemia e a medicina ainda está estudando os efeitos de curto e longo prazo da Covid-19 no organismo. Mas algo já está muito claro para toda a comunidade científica: o término da fase aguda da infecção não significa, necessariamente, o fim dos seus sintomas.

Há uma condição que tem se mostrado cada vez mais comum entre os pacientes infectados, a Covid longa ou síndrome pós-Covid, marcada por manifestações da doença em períodos prolongados mesmo após a eliminação do vírus.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que de 10 a 20% das pessoas que tiveram Covid-19 terão sintomas que não vão desaparecer por semanas ou até meses. Enquanto a maioria dos indivíduos se recupera completamente, um grupo infelizmente vai apresentar incômodos ou problemas persistentes, capazes de afetar a produtividade e a qualidade de vida.

Os estudos indicam que, entre esses sintomas da Covid longa, o paciente pode ficar com persistência na dificuldade para respirar, falhas de memória e concentração, insônia e dores pelo corpo. E uma das cinco condições mais frequentes nesse contexto é a dor de cabeça.

+ LEIA TAMBÉM: Os desafios da dor crônica em tempos de Covid-19

A dor de cabeça na Covid-19

A fase aguda da infecção, que geralmente dura de uma a quatro semanas, pode ser acompanhada de dores de cabeça em até 50% dos casos. Ela costuma fazer parte daquele pacote de sintomas comuns ao quadro viral, como febre, cansaço, perda de olfato e sintomas respiratórios e/ou gastrointestinais.

A dor de cabeça pode surgir já nas primeiras 48 horas do início dos sintomas e, em geral, desaparece com eles, sem impor maiores preocupações. Cabe lembrar que as manifestações da infecção aparecem de dois a quatro dias após a contaminação pelo vírus, o período de incubação do patógeno.

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Nessa fase, a dor de cabeça geralmente é autolimitada e pode se apresentar de diversas formas. Pode ter um início mais leve e aumentar de intensidade com o passar dos dias, acometer ambos os lados do crânio, dando sensação de aperto ou pressão, e ainda ser acompanhada de náuseas e irritabilidade a luz ou sons, lembrando uma crise de enxaqueca.

A boa notícia é que, diferentemente de quadros crônicos, a dor de cabeça da Covid-19 vai embora com a resolução da infecção. Se ela e os demais sintomas não passarem ou piorarem, é necessário procurar orientação médica. Até porque existem as complicações e repercussões da passagem do coronavírus.

+ LEIA TAMBÉM: O que é Covid longa e o que ela pode causar no organismo

A dor de cabeça na Covid longa

Ainda que sejam uma minoria, o que, em valores absolutos, representa muita gente, algumas pessoas desenvolvem dores de cabeça que não se restringem à fase aguda da infecção. Pesquisas descrevem que de 8 a 45% dos pacientes que apresentavam dor de cabeça durante a Covid-19 continuam com esse sintoma por semanas ou até meses. Mesmo depois que o teste para coronavírus já está negativo.

De acordo com os relatos, a dor de cabeça tem características diversas: pode ser diária, se manifestar só de um lado ou de ambos do crânio, piorar com movimento, lembrar uma crise de enxaqueca etc. Embora qualquer um esteja sujeito a desenvolver dores de cabeça na Covid longa, pessoas com histórico desse problema sofrem com maior frequência e intensidade.

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Os cientistas que têm se dedicado ao assunto suspeitam que as pessoas com sintomas persistentes da Covid-19, entre eles as dores de cabeça, tenham fatores biológicos que favoreçam o quadro. Entre as possíveis explicações, fala-se em alterações no sistema imunológico e danos causados diretamente pelo vírus no sistema nervoso. Ainda há muito a desvendar a respeito.

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Como lidar?

Antes de mais nada, é importante ponderar que nem toda dor de cabeça nestes tempos de pandemia tem relação com o coronavírus. Segundo a Sociedade Brasileira de Cefaleia, 15% da nossa população sofre com enxaqueca e 13% apresenta dor de cabeça do tipo tensional.

O tratamento da cefaleia, estando ligada à Covid longa ou não, requer avaliação médica (que hoje pode ser feita de forma remota), mas algumas recomendações são bem-vindas a qualquer pessoa que enfrente dores de cabeça no dia a dia, incluindo aquelas que são consequência da infecção pelo coronavírus.

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Primeiro, procure manter bons hábitos como se exercitar, se alimentar e dormir bem e gerenciar o estresse. Isso ajuda a controlar as dores de forma geral. Segundo, faça um uso racional dos medicamentos: analgésicos como o ácido acetilsalicílico são eficazes no tratamento das cefaleias, mas a utilização deve ser feita por curtos períodos, apenas na vigência da dor.

Por fim, fique atento a situações que podem servir de gatilho para as dores de cabeça, descreva suas observações ao médico e busque as orientações cabíveis. Ninguém precisa viver com dor.

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* Maurício Souza é neurologista e líder médico da divisão de Consumer Health da Bayer no Brasil

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