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Dia Nacional de Redução da Mortalidade Materna: o que falta fazer?

Desafios persistem e se refletem nas estatística nacionais. Em 2024, foram três mortes de gestantes, parturientes ou puérperas por dia

Por Carolina Mocarzel, ginecologista*
28 Maio 2025, 10h38
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Acompanhamento correto da gestação é a principal estratégia para reduzir mortalidade materna  (Getty Images/Getty Images)
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A mortalidade materna é um grave problema de saúde pública, que revela desigualdades sociais e fragilidades nos sistemas de saúde.

Esse indicador diz respeito ao número de mulheres que morrem durante a gestação, no parto ou até 42 dias após o nascimento do bebê, por causas relacionadas à gravidez. Mais do que um número, ele reflete as condições de acesso a atendimento de qualidade e a capacidade de resposta do país para proteger a vida das mulheres.

No Brasil, segundo dados recentes do Ministério da Saúde, foram registradas 1.184 mortes maternas em 2024 — o equivalente a cerca de três mortes por dia.

Embora o país tenha reduzido esta taxa em 32% em dez anos, ela ainda permanece elevada e distante da meta estabelecida pelos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), que prevê menos de 30 mortes por 100 mil nascidos vivos.

No mundo, a Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que ocorrem cerca de 287 mil mortes maternas por ano, a maioria concentrada em países de baixa e média renda.

+Leia também: Maior mortalidade materna tem relação com pré-natal inadequado

As causas mais comuns de mortalidade materna incluem hipertensão gestacional (pré-eclâmpsia e eclâmpsia), infecções, complicações no parto e, principalmente, hemorragia pós-parto, que responde por 27% dos casos. Esta última é definida pela perda excessiva de sangue após o nascimento e, se não for tratada rapidamente, pode levar à morte em poucas horas.

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Fatores como partos mal assistidos, falta de medicamentos e dificuldades de acesso a serviços hospitalares agravam o quadro.

Maioria dos casos é evitável

O mais preocupante é que a grande maioria desses casos é evitável. A OMS aponta que 9 em cada 10 mortes maternas poderiam ser prevenidas com intervenções simples, desde a identificação precoce de riscos até o uso adequado de medicamentos durante e após o parto.

Isso exige estruturas físicas adequadas, profissionais treinados e fluxos de atendimento eficientes.

O pré-natal é uma das principais ferramentas para reduzir a mortalidade materna, permitindo o acompanhamento da gestação, a identificação de fatores de risco e a orientação das mulheres sobre sinais de alerta.

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Além disso, o fortalecimento da atenção primária em saúde é essencial para garantir que todas as mulheres — especialmente aquelas em regiões remotas ou vulneráveis — tenham acesso contínuo a cuidados adequados antes, durante e após o parto.

No caso específico da hemorragia pós-parto, existem tratamentos preventivos muito eficientes. A carbetocina, que figura na lista de medicamentos essenciais recomendados pela OMS, atua favorecendo a contração do útero e, assim, reduzindo o sangramento.

Ela tem efeito prolongado e pode ser especialmente útil em situações de difícil acesso a serviços médicos, contribuindo para salvar vidas.

Além das intervenções clínicas, é fundamental reforçar políticas públicas e estratégias que garantam recursos, insumos e treinamento contínuo para os profissionais de saúde. Isso inclui desde a ampliação do acesso a maternidades até a distribuição de medicamentos essenciais em todo o território nacional.

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Neste mês de maio, em que o tema está em evidência por conta do Dia Nacional de Redução da Mortalidade Materna, é importante reconhecer que o combate ao problema no Brasil é um desafio complexo, mas não intransponível.

Com investimentos, planejamento, compromisso político e ações coordenadas entre governo, sociedade civil e setor privado, é possível salvar milhares de vidas todos os anos.

*Carolina Mocarzel é ginecologista obstetra e chefe da Unidade Materno Fetal do Hospital Federal Servidores do Estado, no Rio de Janeiro 

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