Em toda a relação de trabalho, prestadores e consumidores encontram dificuldades para se entenderem. Cada lado tem suas preocupações particulares, mas quase sempre dividem algumas dores que podem passar despercebidas. E no universo da odontologia não é diferente.
Esta área da saúde deu um salto tecnológico nas últimas décadas, reinventando-se e trazendo novas perspectivas. Ainda no século passado, tínhamos em mente a ideia de que o dentista era aquele profissional que entraria em cena apenas para tratar alguma questão que envolvesse dor ou cárie.
Hoje, são dezenas de serviços de saúde e de estética oferecidos, que no final do dia garantem um sorriso a milhões de pessoas. Os avanços são tantos que podemos vislumbrar um caminho em direção à inteligência artificial, a qual pode trazer mais eficiência e controle aos diagnósticos e tratamentos. Ou seja, melhores resultados, agilidade, economia e conforto.
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A principal dor do paciente está relacionada à ansiedade e ao medo de como o tratamento será conduzido. Essas sensações são geradas, talvez, pelo receio da dor física ou mesmo de possíveis diagnósticos desfavoráveis.
Quando esbarramos nesse cenário, o profissional, humano que é, pode sentir o peso de sua responsabilidade em tomar importantes decisões clínicas.
Outro ponto em que a relação entre paciente e dentista se cruza diz respeito às inconveniências físicas. Enquanto há um desconforto natural de quem está em atendimento, seja pelo incômodo das cadeiras odontológicas ou por manter a boca aberta por muito tempo, há um desgaste físico do profissional de saúde, pois a necessidade de repetição de procedimentos de alta precisão exige muito do dentista.
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O desafio socioeconômico e educacional também é enfrentado pelos dentistas no dia a dia. Muitos dos pacientes que chegam aos consultórios estão em situação de certa vulnerabilidade e com a saúde bucal bastante comprometida.
Os tratamentos odontológicos por muitas vezes requerem investimentos e o custo pode ser um fator que leva o indivíduo a negligenciar sua própria saúde bucal. Já para o dentista, o gerenciamento do consultório pode ser problemático, porque muitos acabam absorvendo outras funções, como a gestão do local.
No mais, quando a pessoa tem algum problema que requer mais cuidado, isso pode acarretar problemas psicológicos – que o dentista também terá de lidar. Nunca um tratamento, por menor e mais rápido que seja, será apenas um tratamento.
Embora não sejam iguais, os problemas de pacientes e dentistas se encontram e existem caminhos em que eles podem buscar soluções conjuntas.
Criar uma relação profissional de confiança é um excelente ponto de partida. Quando há flexibilidade, disponibilidade e, principalmente, conversa entre as partes, é possível identificar dificuldades rapidamente, ajustar rotas e criar alternativas que permitam remover o fardo de um tratamento.
Assim, conseguimos tirar um peso daquele que está sentado na cadeira buscando melhorar sua saúde e sua autoestima e também daquele que investiu anos em capacitação e estrutura para zelar pela qualidade de vida de quem o procura.
*Vladimir Borin é presidente da Uniodonto Campinas, cooperativa que presta serviços odontológicos