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Cronoterapia: o tempo no combate ao câncer

Nossas células funcionam de maneira diferente de acordo com o momento do dia – e isso pode ser decisivo no tratamento de tumores. Médico explica

Por Ramon Andrade de Mello, oncologista*
6 jan 2023, 09h00

Sonhar, acordar, caminhar, trabalhar e repousar são algumas das etapas do nosso dia a dia – e o nosso organismo atua de maneira diferente em cada uma delas.

É fácil de identificar isso por meio de nossa respiração: dependendo do que estamos fazendo, ela fica mais acelerada ou devagar. Dessa forma, uma grande parte de nossas células dispõem de relógios moleculares, que sincronizam seu funcionamento de acordo com as nossas atividades diárias. Elas atuam conforme o nosso ritmo.

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Conhecer mais esse mecanismo celular é um tema que vem ganhando espaço nas pesquisas do tratamento oncológico. Os cientistas começam a entender como o nosso ciclo circadiano – do latim circa (cerca de) e diem (dia), que é o período de aproximadamente 24 horas do dia que afeta o ciclo biológico de quase todos os seres vivos – pode facilitar o surgimento de determinado tumor ou, em outra ponta, contribuir para a eficácia dos tratamentos contra o câncer.

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Os estudos mostram que um desajuste do nosso relógio biológico pode estar diretamente relacionado com o crescimento de doenças oncológicas, principalmente em trabalhadores com atividades noturnas.

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Em 2010, a Agência Internacional de Pesquisa sobre o Câncer da Organização Mundial da Saúde (OMS) classificou como “provavelmente cancerígeno” o trabalho em horários atípicos.

Estudos consideram que o risco de câncer de mama é aproximadamente duas vezes maior para as trabalhadoras do período noturno. A lista inclui ainda casos de câncer de próstata e de colo do útero.

Essa relação não se restringe à oncologia. Trabalhadores noturnos também têm risco aumentado de distúrbios psiquiátricos, problemas cardíacos e doenças infecciosas.

Como esse elo pode ser explicado

Para entender os motivos por trás disso, é importante lembrar que as divisões celulares têm relação direta com o nosso ciclo circadiano. Por isso, a cronoterapia vem sendo objeto de estudos há algumas décadas, e pode contribuir para o tratamento oncológico. A medida pode não ser eficaz nos cuidados para os mais de 200 tipos de câncer já classificados pela ciência, mas tem potencial para contribuir com uma boa parte deles.

Essas pesquisas buscam encontrar o melhor horário do dia para administrar os medicamentos, ampliando a sua eficácia no combate ao tumor oncológico – ao mesmo tempo, a ideia é reduzir os eventuais riscos do tratamento e os efeitos colaterais de determinados remédios.

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+ Leia também: Cronobiologia: acerte os ponteiros do seu relógio biológico

Alguns estudos já começam a trazer indicações nesse sentido. Pacientes que passaram pelo tratamento imunoterápico no período da manhã, por exemplo, responderam de maneira diferente daqueles que foram atendidos no período vespertino.

Ainda precisamos de mais pesquisas para determinar como usufruir melhor da cronoterapia para benefício dos pacientes – e esse é um novo desafio que se abre para a oncologia.

Ora, nem todas as células seguem necessariamente o nosso relógio biológico. Classificar alguns tumores de acordo com esse conhecimento já pode ser um passo muito grande e que contribuirá para a melhoria de qualidade de vida de milhares de pacientes. O tempo definitivamente vem ajudando na luta contra o câncer.

Ramon Andrade de Mello é médico oncologista, professor da disciplina de oncologia clínica do doutorado em medicina da Universidade Nove de Julho (Uninove), em São Paulo, e médico pesquisador honorário do Departamento de Oncologia da Universidade de Oxford, no Reino Unido.

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