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Covid-19 também impacta a doação de órgãos para transplantes

Médico chama a atenção para as dificuldades impostas pela pandemia do coronavírus na realização de transplantes pelo país

Por Dr. Sérgio Ximenes, urologista e especialista em transplantes*
25 jul 2020, 15h00
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  • O Brasil realiza atualmente transplantes diversos, como os de córnea, fígado, pâncreas, coração, rim, pulmão e intestino. E a demanda é expressiva. A fila de espera para transplante renal, por exemplo, é de quase 25 mil pessoas e mais de mil cidadãos aguardam por um fígado.

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    Em março, logo que foi determinada a quarentena, foi anunciada também a suspensão dos transplantes por doador vivo, tendo como objetivo protegê-los do risco de contaminação com o coronavírus. No entanto, sabemos que a doação de órgãos de pessoas falecidas é fundamental para o tratamento dos pacientes em lista de espera, pois somente 17% dos transplantes renais e 5,7% dos transplantes de fígado são realizados por doador vivo.

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    As doações vinham crescendo gradativamente nos últimos anos no Brasil. Em 2019, atingiu o índice inédito de 18,1 pmp (por milhão de população), sendo que, no primeiro trimestre de 2020, ainda sem a influência da pandemia, atingiu o índice de 18,4 pmp. Na Espanha, para se ter uma ideia, o índice é de 48 doadores pmp.

    Houve queda de 32% nas doações de órgãos entre o primeiro óbito registrado por Covid-19 até o final de junho de 2020, impactando negativamente em 43% o número total de transplantes de todos os órgãos no mesmo período. Com a decretação de calamidade pública pela transmissão comunitária do vírus Sars-CoV-2 no território nacional, a Coordenação Geral do Sistema Nacional de Transplantes emitiu uma Norma Técnica estabelecendo os critérios para a seleção de candidatos a doadores de órgãos e tecidos.

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    Assim, os potenciais doadores com diagnóstico de Covid-19 ativo ou com o exame positivo e histórico de síndrome respiratória aguda grave, foram contraindicados para doação. Os indivíduos com suspeita para a Covid-19 tiveram contraindicação relativa, isto é, deixando a decisão a critério da equipe captadora, com consequente aumento do número de doadores não elegíveis.

    Além dessas situações que culminaram em redução das doações, podemos citar que, com a diminuição de pessoas circulando em virtude do isolamento social, também houve uma redução no número de acidentes por morte encefálica por trauma, uma das principais causas de óbito dos doadores.

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    A abordagem da família para autorização da doação também ficou mais dificultosa. Muitas não comparecem aos hospitais temendo a contaminação pelo vírus ou preferem acelerar o sepultamento e não aguardar todo o protocolo de doação que é bastante rígido no país.

    A ocupação dos leitos de UTI por pacientes em tratamento de Covid-19 também limita a atividade do transplante — tanto para o doador de múltiplos órgãos que deve ser mantido em terapia intensiva até a realização da captação como para os receptores que devem realizar seus primeiros dias de pós-operatório nesse mesmo ambiente.

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    Muitas equipes, principalmente no Norte e no Nordeste do Brasil, suspenderam completamente a atividade de transplantes com o início da quarentena. Com isso, muitos órgãos que foram captados nessas regiões foram direcionados para centros do Sul e do Sudeste. Houve, porém, dificuldade para transporte dos órgãos pela diminuição do número de voos no período, limitando a utilização de órgãos mais sensíveis como coração, pulmão e fígado.

    As curvas de doação de órgãos apresentaram sinais de leve recuperação a partir da segunda quinzena de junho, o que talvez indique uma adaptação das organizações de procura de órgãos às novas condições pós-pandemia, melhorando a busca ativa e a abordagem familiar. Precisamos avançar nesse caminho.

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    Os dados descritos neste texto foram obtidos junto aos canais de comunicação da ABTO (Associação Brasileira de Transplante de Órgãos) e da CGSNT (Coordenação Geral do Sistema Nacional de Transplantes)

    * Dr. Sérgio Ximenes é chefe do Departamento de Transplante da Sociedade Brasileira de Urologia – Regional São Paulo (SBU-SP) e doutor em urologia pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp)

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