O termo popularizado como menopausa é na verdade um conceito médico, definido como a ausência de ciclos menstruais por 12 meses consecutivos, terminando assim o período reprodutivo feminino. Na realidade, essa fase de transição na vida da mulher é denominada climatério, e compreende os temidos sintomas da queda dos hormônios produzidos pelos ovários.
Em média, o climatério se inicia cerca de cinco anos antes da parada completa da menstruação, com a queda progressiva de três principais hormônios: progesterona, testosterona e estradiol.
Um dos primeiros sintomas do climatério consiste na irregularidade menstrual geralmente com encurtamento dos ciclos ou mudança do padrão de sangramento. Pode também ser acompanhado por fadiga, diminuição da libido, ondas de calor, perda urinária aos esforços, insônia, dor articular, alteração de memória e pele e vagina secas.
A questão é que esse evento acontece entre os 40 e 55 anos, fase em que, na sociedade atual, muitas mulheres estão no auge de suas carreiras e relacionamentos, engravidando e formando uma família, sentindo-se plenas e seguras em seu estado físico e mental. E de repente, de uma hora para outra, isso pode mudar radicalmente.
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Em um universo no qual a autocobrança e as pressões sociais têm se tornado cada vez mais presentes, uma das principais dificuldades pode vir a ser o relacionamento sexual. Isso resulta de mudanças e inseguranças corporais, falta de informação dos médicos e apoio dos companheiros.
É fundamental nesse contexto ressaltar que as mulheres podem e devem procurar ajuda multidisciplinar com profissionais especializados no que tange aos cuidados nesse período tão delicado.
Existem tratamentos que auxiliam na sexualidade e amenizam os sintomas do climatério, como a terapia hormonal (supervisionada por profissionais experientes), fisioterapia pélvica, pompoarismo, psicoterapia, laser vaginal e uso de alguns fitoterápicos, lubrificantes íntimos e hidratantes vaginais. Além disso, é essencial que a mulher adote hábitos de vida saudáveis, como uma boa alimentação e a prática regular de exercícios físicos.
Sou ginecologista há 20 anos. Olhando para trás, como médica e mulher, vejo que vivenciei e passei por diversas mudanças ao lado de minhas pacientes. Ao perceber a necessidade de apoio durante o climatério, busquei me aperfeiçoar nas terapias médicas disponíveis para alívio e controle dos sintomas.
Esse período não precisa ser sinônimo de sofrimento e baixa autoestima. Ele deve ser leve, inclusive porque é somente mais uma página deste livro que se chama vida.
A menopausa virá para todas nós, e está tudo bem. Sim, existe sexo após a menopausa. E acredite: com a maturidade e autoconhecimento, ele pode se tornar ainda melhor, livre de tabus, julgamentos e preconceitos.
*Paula Beatriz Tavares Fettback é ginecologista especialista em Reprodução Humana e doutora em Ciências Médicas pela Universidade de São Paulo