A falta de tratamentos adequados das lesões e feridas é uma das principais responsáveis por sequelas graves após o surgimento de doenças, traumas ou complicações de procedimentos cirúrgicos, entre outras causas.
Na última década, o aumento de amputações cresceu 53%, segundo o Ministério da Saúde. Nesse período, mais de 245 mil brasileiros perderam um membro ou alguma parte dele.
Além do diabetes, que atinge cerca de 13 milhões de pessoas, outros fatores contribuem para essa crescente. Entre os principais, estão: tabagismo, hipertensão arterial, idade avançada, insuficiência renal crônica e a hipercoagulabilidade.
Para diminuir os impactos causados por essas doenças na pele, temos vários avanços tecnológicos desenvolvidos na área da saúde, que têm melhorado os resultados dos tratamentos com esses pacientes.
O Brasil já progrediu muito nas terapias de prevenção e tratamentos de feridas, mas existe um longo caminho a percorrer, democratizando mais o acesso, vencendo barreiras burocráticas impostas pelo governo e, claro, ampliando investimentos.
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Temos ainda dificuldades em desenvolver internamente tecnologias mundialmente reconhecidas e eficazes. Muito do que utilizamos hoje vem de fora, de países que estão na linha de frente, como Dinamarca, Noruega e Alemanha.
É chegada a hora de o Brasil dar um passo para se tornar um celeiro de soluções eficazes no tratamento de lesões e feridas. Certamente isso nos daria mais autonomia, reduziria custos e traria mais oportunidades de sucesso na assistência a milhares e milhares de pessoas.
Novas tecnologias
Entre as tecnologias disponíveis atualmente, vale colocar uma luz nas técnicas de laserterapia, oxigenoterapia hiperbárica, matriz de regeneração dérmica, terapia de pressão negativa e a biompressora 4D.
Este conjunto de tecnologias é o que existe hoje de mais avançado no tratamento de feridas, na qualidade de atendimento e curas dos pacientes.
A laserterapia é um método que utiliza luz laser de baixa potência para estimular as células danificadas do corpo e, assim, reparar os tecidos.
Já a oxigenoterapia hiperbárica é uma terapia em que o paciente respira oxigênio puro enquanto é submetido a uma pressão que pode chegar a ser três vezes maior do que a atmosférica, o que contribuiu para a cicatrização de feridas.
A Biompressora 4D, por sua vez tem um papel fundamental. A confecção deste curativo biológico é feita com o uso de um reagente que, ao ser introduzido na impressora, dá origem a um novo tecido que é aplicado na região a ser tratada.
É uma tecnologia extremamente avançada disponível apenas em alguns poucos hospitais do Brasil. Parte deles via Cicatriclin, já que firmamos parcerias internacionais trazendo estas bioimpressoras para o mercado nacional.
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Já a matriz de regeneração trata o tecido lesionado via técnica de pressão negativa, que promove a cicatrização de forma acelerada, a redução do edema e a formação de tecido de granulação saudável.
Celeridade no tratamento
Outro ponto que merece ser discutido é a celeridade no tratamento.
Para além das tecnologias, é fundamental que os profissionais da saúde percebam a necessidade de iniciar as terapias o mais precocemente possível. Atrasos no entendimento da condição do paciente com lesão ou ferida podem levar a diversas complicações.
Um ponto essencial é exaltar o trabalho de uma equipe multidisciplinar que realiza tratamento, pensando sob o olhar holístico/integral para o paciente. O encaminhamento para um centro especializado faz toda a diferença na recuperação.
Programas de educação na saúde também colaboram para que os profissionais de saúde disseminem conhecimentos, troquem experiências em congressos e, em seus locais de atuação, tenham mais oportunidades de na prática entender melhor o plano terapêutico do paciente.
A parte humana e o comprometimento de profissionais de diferentes especialidades estudando sobre feridas, pensando em pessoas em primeiro lugar, faz toda diferença.
Sempre é importante reafirmar a importância do compromisso do médico com uma paciente portador de feridas, mesmo que leves.
Ao priorizar a qualidade de vida e cicatrizar, os pacientes têm a possibilidade de poder retomar seus movimentos, suas atividades, trabalhar e ter uma vida normal, como qualquer pessoa.
*Bianca Oliveira é diretora médica do Grupo Cicatriclin e também da Hipermed – Clínica Multi e Moneplace de Medicina Hiperbárica, além de professora da Pós-graduação em Tratamento Avançado de Feridas da Faculdade de Ciências Médicas de Minas Gerais, em parceria com o Hospital Mater Dei