A medicina define a menopausa como um momento da vida da mulher que acontece 12 meses após ela menstruar pela última vez.
Mas esse ‘momento’ é, na verdade, um processo biológico longo, que começa com a perimenopausa, por volta dos 40 anos, e se estende no pós-menopausa até além dos 50.
Cada mulher vive o período de uma forma única, apresentando diferentes sintomas, tanto físicos como psicológicos. O que, no entanto, parece ser comum é a falta de orientação da maioria delas sobre esse assunto tão complexo.
Esse desconhecimento é ainda mais preocupante em um país de maioria feminina e onde o número de pessoas com 65 anos ou mais de idade cresceu 57,4% em 12 anos, segundo o último Censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Estimativas com base nos dados do censo apontam ainda que 29 milhões de brasileiras podem estar na menopausa.
+ Leia também: Há (mais) vida na menopausa
Ao compreendendo melhor esse ciclo, as mulheres poderão se preparar para encarar a maturidade com mais qualidade de vida, desfrutando-a de forma plena e saudável.
Não há uma solução única capaz de beneficiar todas elas. No entanto, uma pesquisa recente da empresa Phenology com mais de 30 mil mulheres revela algumas características mais marcantes de cada fase. Isso é importante para ajudá-las a identificar em que etapa se encontram, e se os sintomas que aparecem com a idade estão relacionados à menopausa ou não.
A pesquisa revela, por exemplo, que as alterações de humor, como ansiedade e irritabilidade acontecem mais no início da perimenopausa, ali por volta dos 40 anos.
Entre as participantes, 72% das que entraram em perimenopausa precoce relataram tais mudanças, o que, inclusive, agrava o risco de depressão nessa fase inicial do processo. Por outro lado, sintomas físicos — como ondas de calor, suor noturno e problemas de saúde sexual — são mais visíveis na fase pós-menopausa.
+ Leia também: Insônia em quadros de menopausa precoce pode ter influência genética
Entre as mulheres na pós-menopausa tardia, 73% apresentam ondas de calor, em comparação com apenas 39% na perimenopausa precoce. Os sintomas sexuais também atingem o pico na pós-menopausa, com 62% das mulheres relatando baixa libido e 52% notando secura vaginal, o que pode levar a dor durante as relações sexuais.
Daí podemos concluir que, infelizmente, o fim dos desagradáveis sintomas da menopausa não acontece, como num passe de mágica, um ano após a mulher parar de menstruar. Pelo contrário: para a grande maioria delas, eles continuam (e até aumentam) na fase conhecida como pós-menopausa.
Isso reforça ainda mais a necessidade de as mulheres buscarem informação e ajuda, já que terão de conviver com esses incômodos por um longo período de suas vidas.
Entre os tratamentos disponíveis hoje, além da reposição hormonal, há aquelas que apostam em mudanças no estilo de vida, combinando mudanças na dieta, rotina de exercícios físicos e terapias alternativas. Cada estratégia pode ter sua validade e deve ser discutida com o médico.
Passaremos metade das nossas vidas na menopausa, vamos viver mais e podemos sim viver melhor!
*Márcia Cunha é psicanalista, fundadora e CEO da Plenapausa