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Assim como Gugu, dá para um único doador de órgãos ajudar 50 pessoas?

Um leitor perguntou quantas vidas são salvas com um único doador de órgãos. Consultamos especialistas para ver quais tecidos podem ser reaproveitados

Por Chloé Pinheiro
Atualizado em 12 dez 2019, 17h57 - Publicado em 12 dez 2019, 17h50
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  • Dias depois da morte de Gugu Liberato, que ocorreu em 22 de novembro, a família do apresentador anunciou que doaria seus órgãos. A partir daí, foi noticiado em vários canais que essa atitude favoreceria até 50 pessoas. O assunto gerou dúvidas no leitor Fábio Azevedo, que escreveu para nós:

    “Quais órgãos num único indivíduo podem beneficiar outros 50?”

    Pois bem: até dá para chegar a esse número em certas situações, porém isso não é uma regra. “Conseguimos beneficiar muitos pacientes, mas 50 me parece um pouco exagerado. Geralmente, ficamos em torno de 15”, comenta o médico Paulo Pego Fernandes, presidente da Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO).

    Até porque, antes de tudo, as estruturas doadas necessitam estar em boas condições. Um fumante, por exemplo, dificilmente terá seus pulmões reutilizados. Além disso, o tempo é fundamental.

    Quais órgãos e tecidos podem ser doados

    Os transplantes mais conhecidos são os de órgãos sólidos: rins, pâncreas, pulmões, fígado, coração, córneas dos olhos e, mais raramente, bexiga, intestino e uretra. Os que vêm em dobro no corpo ajudam duas pessoas — e o fígado também pode ser dividido para dois receptores. Considerando esses, já seriam 13 agraciados.

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    Só que outros tecidos e os ossos são aproveitados em pequenos pedaços. É aí que aquele número pode aumentar consideravelmente. “A pele, por exemplo, costuma ser doada para tratar vítimas de grandes queimaduras, e os ossos viram enxertos para próteses”, comenta Américo Cuvello Neto, coordenador do Centro de Nefrologia e Diálise do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, em São Paulo.

    Até tendões, vasos sanguíneos e válvulas cardíacas podem ser doados — essas últimas só são extraídas sozinhas quando não dá para usar o coração inteiro.

    Como funciona a doação de órgãos

    Primeiro, é preciso diagnosticar a morte encefálica e fazer uma segunda confirmação do óbito 12 horas depois. Também é obrigatório que a família autorize o processo, mesmo que em vida o indivíduo tenha manifestado o desejo de doar.

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    A equipe médica avisa a central de transplantes de cada estado, que organiza a busca por receptores compatíveis que aguardam na fila. Fatores como tipo sanguíneo, tamanho, peso e idade impactam a viabilidade. Os órgãos maiores precisam ser doados e transplantados rapidamente, mas córneas, ossos e tecidos conseguem esperar um tantinho a mais.

    Há familiares que rejeitam a doação de órgãos por causa do funeral. Mas fique tranquilo: o doador é velado normalmente, com o caixão aberto, assim como aconteceu com Gugu. Estruturas artificiais sustentam o corpo para que ossos retirados não façam falta. Já a pele é coberta pelas roupas. E daí em diante.

    O Brasil é visto como o maior sistema público de doação de órgãos do mundo. Cerca de 95% dos procedimentos acontecem por meio do Sistema Único de Saúde (SUS).

    Mas, para que essa rede funcione bem, mais gente deve tomar a mesma decisão que a da família do Gugu. Segundo a ABTO, aproximadamente 36 mil pessoas aguardam um transplante no país. A doação pode ser feita depois de morte cardíaca ou mesmo em vida para certos tecidos (como a medula óssea ou um rim).

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