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Mude de lado, cuide da pele e evite as lesões por pressão

No dia mundial de prevenção a essas feridas, comuns em pessoas acamadas e internadas, especialistas explicam o tamanho do problema e como preveni-lo

Por Fernanda Mateus Queiroz Schmidt e Michele Neves Brajão Rocha, enfermeiras estomaterapeutas*
19 nov 2020, 10h24

Conhecidas popularmente pelo termo “escaras”, as lesões por pressão acometem pessoas acamadas, com mobilidade reduzida ou que ficam sentadas ou deitadas muito tempo na mesma posição. Elas surgem devido à pressão constante na pele das regiões do corpo que possuem saliências ósseas e ficam em contato com a superfície de apoio de camas e cadeiras de rodas, por exemplo.

Aos poucos, a pele pressionada perde a irrigação sanguínea e pode sofrer necrose (a morte do tecido), dando origem à lesão. Aparece geralmente uma vermelhidão ou escurecimento da região, evoluindo muitas vezes para uma ferida superficial que atinge apenas a epiderme e, se não tratada adequadamente, torna-se grave e chega a comprometer músculos, tendões e até os ossos.

A lesão por pressão causa dano considerável aos pacientes, acarretando redução importante na qualidade de vida e dificultando o processo de reabilitação. Está frequentemente relacionada a dor e desenvolvimento de infecções sérias. Também tem sido associada a internações prolongadas, sepse e maior mortalidade.

Pode ocorrer em qualquer parte do corpo onde tenha uma saliência óssea, mas é mais comum nas nádegas, nas costas, nos calcanhares e nas regiões laterais da coxa. É fundamental ressaltar que a maioria dessas lesões é evitável.

Por outro lado, o tratamento pode ser demorado, durando meses a depender do estágio e comprometimento. Por isso, requer acompanhamento especializado, uso de curativos tecnológicos e, de acordo com a fase de cicatrização, pode ser necessária uma intervenção cirúrgica para remover tecidos ou colocar enxertos.

Um estudo global realizado em 2020 com mais de 2,5 milhões de pacientes encontrou uma prevalência de 12,8% e incidência de 5,4% a cada 10 mil pessoas por dia. No Brasil, embora existam poucas pesquisas sobre a frequência do problema, na última década a incidência de lesões por pressão em UTIs variou de 10% a 50%. Ela ainda é alta devido às características dos pacientes e às limitações de atendimento para alguns grupos de risco.

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Os hospitais, muitas vezes, gastam mais com o tratamento do que com a prevenção, e esse é um tema extremamente importante a ser discutido em nosso país.

As recomendações para a prevenção devem ser difundidas e adotadas por todos os profissionais de saúde, cuidadores e familiares — seja no hospital, seja na instituição de longa permanência, seja no próprio lar. O método mais eficaz para a prevenção é o reposicionamento e a mudança de decúbito constante, no mínimo a cada duas horas, de modo que as áreas de pressão sejam redistribuídas. Isso mesmo: ajudar a mudar a posição ou o lado em que está o paciente. Duas horas em uma só posição é o tempo máximo recomendado para pessoas com capacidade circulatória normal.

Para os pacientes acamados, é preciso que a família e os cuidadores tenham muita disciplina para que o reposicionamento e a higiene apropriada da pele sejam feitos com rigor. O uso de técnicas corretas para transferência da cama para cadeira e mudança de decúbito, evitando o ato de arrastar a pessoa contra a superfície, também diminui as feridas causadas por fricção. A pessoa precisa ser erguida ao ser movimentada na cama e nunca arrastada contra o colchão.

Travesseiros ou almofadas de espuma devem ser usadas para manter as proeminências ósseas (como os joelhos) longe de contato direto um com o outro. Os calcanhares, por sua vez, precisam ser mantidos levantados da cama usando um travesseiro debaixo da panturrilha.

Em relação aos pacientes paraplégicos, que utilizam cadeira de rodas, existem outros métodos de autocuidado que podem ser adotados para prevenir as lesões na pele. É o caso dos push-ups frequentes (na cadeira de rodas, o indivíduo se utiliza dos braços para aliviar o peso sobre os quadris, empurrando os braços da cadeira para erguer o corpo); e das mudanças de posição, utilizando a força dos braços e do tronco (quando houver) para rolar na cama, trocando a posição de barriga para cima para o decúbito lateral e vice-versa.

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A utilização de superfícies de suporte (como colchões e almofadas especiais) auxilia na redistribuição da pressão, porém não substitui as mudanças de posição. Tais superfícies de suporte podem ser constituídas por ar, água, gel sólido, espuma de poliuretano, espuma de poliuretano viscoelástica (memory-foam), microcânulas de silicone e polímeros de proteção.

Outras medidas essenciais que devem ser adotadas no dia a dia são a inspeção da pele, atentando-se principalmente para áreas com vermelhidão, o controle da umidade e a realização de uma hidratação e nutrição adequadas — pessoas desnutridas, obesas e desidratadas apresentam maior probabilidade de desenvolver as lesões.

Se, mesmo seguindo essas recomendações e as demais orientações do profissional de saúde, as lesões por pressão continuarem se desenvolvendo ou se agravando, é crucial procurar um especialista.

* Fernanda Mateus Queiroz Schmidt e Michele Neves Brajão Rocha são enfermeiras estomaterapeutas e integrantes da diretoria nacional da Associação Brasileira de Estomaterapia

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