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Um novo olhar sobre o câncer

Um dos mais renomados oncologistas do país, Paulo Hoff avisa: a doença deixou de ser uma sentença de morte

Por Redação M de Mulher
Atualizado em 28 out 2016, 01h24 - Publicado em 16 set 2013, 22h00

Segundo Paulo Hoff, conviver com a doença deixou de ser um pesadelo sem fim
Foto: Silvia Zamboni

Quando a palavra tumor vem à mente, não é incomum associá-la ao medo que os tratamentos contra esse mal despertavam. Não sem motivos. Há cerca de 20 anos, eles eram mais agressivos e sua taxa de sucesso, baixa. A situação atualmente é outra, mas o tabu persiste. É para dar cabo desse temor infundado que Paulo Marcelo Hoff, diretor-geral do Centro de Oncologia do Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, luta todos os dias. Esse também é um dos objetivos do livro Como Superar o Câncer (Editora Abril), de autoria de Hoff, ao lado de um time de especialistas do hospital. Nesta conversa, o oncologista deixa claro que há cada vez mais saídas para a doença – e que conviver com ela não é mais um pesadelo interminável.
 
O que mudou no combate ao câncer de alguns anos para cá?
 
PAULO HOFF – Felizmente, muita coisa. Décadas atrás, grande parte dos pacientes nem recebia a opção de se tratar. Eles eram mandados de volta para casa. De lá para cá, houve um aumento na expectativa de cura e um grande crescimento na sobrevida dos indivíduos com tumores não curáveis. Talvez um dos maiores avanços tenha sido o desenvolvimento de medicamentos que minimizam os efeitos colaterais. No início dos anos 1990, um paciente tratado com o quimioterápico platina tinha que ficar internado. Esperava-se que ele vomitasse de 20 a 30 vezes por dia e ficasse desidratado. Hoje a pessoa vem até o ambulatório, toma sua platina, um pouco de soro e aí vai embora. O que mudou? As medicações de apoio, que trouxeram um novo panorama e possibilitaram uma abordagem mais agressiva contra o câncer, proporcionando resultados melhores. Tudo isso modificou a percepção que se tem da doença.
 
O senhor fala do tabu com o câncer…
Eu não sei se na sua, mas na minha família não se falava essa palavra. Tenho uma tia que chamava o câncer de “a coisa” ou “aquela doença”.
 
E o tabu com a palavra sobrevida?
É impossível determinar a expectativa de vida de uma pessoa com câncer, seja ele qual for. O problema é que um grande número de pacientes quer saber quanto vai viver. Então, o médico acaba sendo forçado a fazer estimativas com base em estudos que servem para ver o benefício de um tratamento específico na população em geral. E essa resposta pode não agradar. Mas duas décadas atrás a expectativa de sobrevida para parte dos tumores avançados era inferior a um ano. Hoje é frequente que ela esteja acima dos três — isso nos casos avançados. E lembrando que, do ponto de vista individual, alguns vão ficar vivos até dez anos depois.
 
É por essa razão que o câncer passou a ser considerado uma doença crônica?
Sim. Mesmo quando não há possibilidade de cura, o indivíduo tende a viver por um longo período. Sempre lembro aos meus pacientes quando eles têm dúvidas se viverão bem com um câncer que, em 1945, o presidente americano Franklin Roosevelt morreu por complicações de pressão alta, hoje algo impensável. Mas é raro conseguir curar a hipertensão. Uma vez diagnosticada com o problema, a pessoa vai se tratar pelo resto da vida. Mesmo assim, ela nem considera ter uma doença, de tão controlada que está. Não chegamos a esse nível com relação ao câncer, mas já avançamos muito. A vida hoje, para quem tem um tumor, é consideravelmente melhor do que antes.
 
O senhor está otimista com o futuro do combate à doença?
Há muitas novidades surgindo. Existem mais de 800 remédios em fase de pesquisa. Se uma fração deles for efetiva, o número de medicamentos disponíveis terá mais do que dobrado. Uma das coisas que mais esperamos é uma maior individualização do tratamento. O aumento da quantidade de informações e da compreensão sobre o câncer fez crescer o número de alvos das terapias, e isso deve levar a um benefício para os pacientes com as mais diversas particularidades.
 
As pessoas se confundem com tantas informações sobre o câncer?
Isso é muito comum, principalmente quando uma celebridade tem a doença. Todos querem saber por que o famoso pode se submeter a um procedimento e eles não. O que escapa é que as situações nunca são iguais. Existem centenas, ou talvez milhares, de opções terapêuticas, que dependem de outras centenas de possíveis apresentações do tumor. Por isso o livro Como Superar o Câncer é tão importante. Além de satisfazer a curiosidade, ele embasa o paciente, seus familiares e amigos para uma discussão mais compreensiva com o médico.

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