Um levantamento realizado pelo Conselho Regional de Odontologia de São Paulo (Crosp), pela Universidade de São Paulo (USP) e pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) constata que 71,5% das amostras de água de abastecimento público do estado apresentam flúor na faixa considerada ideal — isto é, na medida para reduzir o risco de cárie dentária. O estudo se baseia em mais de 11 mil amostras coletadas em 642 municípios paulistas durante 2014. “Trata-se do maior levantamento do gênero já realizado no mundo”, conta o cirurgião-dentista Claudio Miyake, presidente do Crosp.
Embora o saldo seja positivo, o trabalho indica que não é pequeno o número de amostras consideradas irregulares — quase 30% delas estavam com um índice de flúor inferior ou superior ao padrão adequado. “Não basta uma cidade dizer que tem água fluoretada. É preciso saber qual o teor de flúor que chega à população”, afirma o cirurgião-dentista Celso Zilbovicius, pesquisador do Centro Colaborador do Ministério da Saúde em Vigilância da Saúde Bucal da USP.
Os dados da investigação ainda passam por uma análise final, mas os especialistas já conseguiram diagnosticar cidades cuja concentração do mineral não chega a promover a proteção anticárie. São elas: Altinópolis, Analândia, Boa Esperança do Sul, Guatapará, Ipeuna, Luis Antonio, Morro Agudo, Nuporanga, Orlandia, Pirajuí e Rio das Pedras. Na outra ponta, dois municípios figuram com uma carga de flúor acima do recomendado: Pereiras e Cesário Lange. O problema, nesses casos, é que o excesso da substância pode acarretar fluorose, condição marcada por manchas nos dentes.
A fluoretação da água é uma medida assegurada por lei no Brasil desde 1974. “Por meio desse estudo vemos um quadro favorável no estado de São Paulo, mas temos que cobrar as autoridades sanitárias e as operadoras de abastecimento para que garantam continuamente uma água com flúor na quantidade ideal”, conclui Zilbovicius.