Entre os animais a doença costuma ser transmitida na gestação
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Crianças adoram bichinhos, certo? Provavelmente você já viu uma criança rolando com o cachorrinho na terra, na grama, na areia… Cuidado! Toda essa intimidade pode ser perigosa, caso o animal seja portador de toxocaríase, mal provocado por um parasita intestinal. Não se ofenda – o bicho que mora na sua casa pode até ser muitíssimo bem-educado, mas, se frequenta pracinhas e afins, não está 100% livre de suspeita.
Que fique claro: não é o contato direto, como o descrito logo no início desta reportagem, que leva ao contágio, mas sim as fezes que contaminam o próprio ambiente onde a criança se diverte com seu pet. “A doença é causada por um verme chamado Toxocara spp – no cão, Toxocara canis e no gato, Toxocara cati. Ele acomete especialmente os filhotes”, explica a veterinária Vanessa Muradian, de São Paulo.
Eles estão sempre por perto
Entre os animais o mal costuma ser transmitido na gestação, pela placenta, por meio de larvas infectantes, ou no período de amamentação. “Eles ainda podem ser contaminados por ovos de parasitas depositados no solo ou pela ingestão de presas que também tenham engolido o verme”, completa o veterinário Douglas Severo.
Os sintomas do mal no animalzinho costumam ser choro contínuo, viver naquela postura de “pernas abertas”, abdômen distendido (um barrigão daqueles!), pêlo opaco e eriçado e outros aspectos relacionados à desnutrição. “O problema pode levar à morte do filhote, por obstrução intestinal, quando a quantidade de parasitas é muito grande”, alerta Vanessa Muradian.
O tratamento é feito com vermífugos. “Cães e gatos recém-nascidos devem seguir rigorosamente o calendário de vacinação e vermifugação, com a primeira dose deste último medicamento aplicada em torno dos sete dias de vida”, aconselha Douglas.
Perigo à vista
No ser humano os ovos do Toxocara canis produzem larvas que invadem a parede intestinal, penetram nos vasos sanguíneos e linfáticos e atingem o fígado e os pulmões. Daí podem disseminar-se para vários outros órgãos, incluindo os olhos, onde causam uveíte. “Trata-se de uma inflamação intra-ocular, com sintomas parecidos com os da conjuntivite, ou seja, vermelhidão, fotofobia e embaçamento visual, além de dor e baixa visão. É preciso ficar atento ao quadro e buscar tratamento rápido, porque a uveíte leva à cegueira”, avisa Cristina Muccioli, de São Paulo. O tratamento inclui colírios, antiinflamatórios, corticóides e até mesmo imunossupressores.