Se a barulheira típica do ronco gera interrupções do sono e, portanto, noites maldormidas, as artérias pagam a conta. Mas, quando a incômoda sinfonia é provocada por um distúrbio chamado apneia do sono, a encrenca é ainda maior. Porque então os ruídos são entrecortados por engasgadas e breves paradas respiratórias – e elas acontecem sem o sujeito perceber.
Com essas interrupções, entra menos ar e, consequentemente, diminui a concentração de oxigênio no sangue. Preocupado, o sistema nervoso fica superativado, acelera o ritmo dos batimentos cardíacos e promove a contração dos vasos. A pressão, você já adivinhou, se eleva.
Esse suplício noturno gera danos permanentes às artérias, que ficam cada vez mais rígidas. Daí por que as pessoas com apneia têm mais hipertensão, insuficiência cardíaca, AVC… Para piorar, cansaço, sonolência e irritação são companheiros de todas as horas de quem ronca e se engasga à noite, porque um sono assim está longe de ser reparador. Mais um elemento para a pressão não baixar durante o dia.
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Para se livrar de tantos aborrecimentos, o primeiro passo é diagnosticar o problema. Para isso, existe um exame, a polissonografia, feito em clínicas ou hospitais, no qual o sujeito passa a noite conectado a sensores. Uma vez confirmada a chateação, e dependendo de sua gravidade, o médico indica as opções de tratamento. Há casos em que é preciso apelar para o CPAP, um aparelho que libera o fluxo às vias aéreas. Outros pedem saída cirúrgica para corrigir um defeito anatômico que prejudica a passagem do ar. Mas, como o ronco e a apneia estão ligados à obesidade, algumas vezes as noites ficam mais tranquilas só de eliminar uns quilos extras.