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Por uma pele livre de câncer

A ciência desvenda detalhes de como o sol pode causar tumores no maior órgão do nosso corpo e oferece armas inovadoras para debelar o mal

Por Redação M de Mulher
Atualizado em 27 out 2016, 19h33 - Publicado em 16 set 2013, 22h00
Câncer de pele
Não dá para negar que esse câncer, o mais frequente entre os brasileiros, vem ganhando atenção especial por aqui. Nossa nação foi a primeira a banir as câmaras de bronzeamento artificial, comprovadamente capazes de incitar o problema, e estabeleceu uma regulamentação mais rigorosa para protetores solares. 
 
A comunidade científica também demonstra preocupação com o tema. Tanto que o pesquisador Teiti Yagura concluiu um estudo no Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo sobre como a radiação solar fomenta alterações cancerígenas no código genético das células. “Já sabíamos que ela consegue deformar o DNA”, afirma Yagura, hoje na Universidade de Kyoto, no Japão. “Agora vimos que, quando recebe raios ultravioleta A, aqueles que incidem durante todo o período diurno, o DNA absorve essa energia e, então, geraria uma molécula nociva que pode, em tese, lesá-lo”, explica. 
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No Congresso Mundial de Câncer de Pele, sediado em São Paulo, foram discutidas alternativas que previnem ou até controlam esses danos provocados pelo excesso de exposição ao astro rei. “Recentemente apareceram armas inovadoras que auxiliarão a combater os tumores de pele”, garante Antonio Carlos Buzaid, chefe geral do Centro Avançado de Oncologia do Hospital São José, na capital paulista. Confira algumas das principais virando a página – mas tenha em mente que se proteger do sol sempre será o melhor remédio contra essa enfermidade. 
 

Um remédio contra o tipo mais violento de tumor de pele

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Só 4% dos cânceres que afligem a derme são melanomas. Ainda bem. Embora menos comum, tal variadade é muito perigosa – fique de olho em pintas assimétricas, de borda irregular, com mais de uma cor, ou que cresceram nos últimos tempos. Quando não flagrada no início, torna-se mortal. E é para esses casos que veio o ipilimumabe, droga já aprovada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária. “A medicação deixa o sistema imune agressivo e, logo, propenso a atacar o tumor”, esclarece Buzaid. Nos estudos, o fármaco elevou a sobrevida dos pacientes e, em algumas situações, até os curou. “Apesar de possuir efeitos colaterais, ele costuma ser bem tolerado”, acrescenta Buzaid. No momento, os médicos aguardam os resultados de uma pesquisa que testou o ipilimumabe em melanomas menos avançados. 
 

O gel que apaga manchas cancerígenas

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“Em uma pele muito exposta ao sol, às vezes surgem manchas avermelhadas e ásperas”, ensina o dermatologista Beni Grinblat, do Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo. Denominadas queratoses actínicas, elas evoluem em 20% dos casos para um tipo de tumor. De modo a impedir essa progressão, a empresa Leo Pharma criou um gel à base de mebutato de ingenol, disponível no Brasil a partir de 2013. “O creme elimina as células alteradas, é fácil de ser aplicado pelo dermatologista e tudo indica que traz bons resultados”, diz Francisco Paschoal, dermatologista da Faculdade de Medicina do ABC, na Grande São Paulo. Como todo remédio, ele demanda prescrição. 
 

Onde você menos imagina

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O melanoma pode surgir na planta dos pés, nas nádegas, no couro cabeludo e em outras áreas onde o sol não bate. “Por isso é importante autoexaminar todo o corpo”, reforça Gwen Corrigan, enfermeira do americano MD Anderson Cancer Center. Um espelho de mão ou o parceiro ou a parceira ajudam nessa tarefa. 
 

O filtro que repara o DNA das células

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Além de bloquear raios solares, o protetor Eryfotona, da Isdin, conta com uma substância batizada de repairsome, que reverte parte dos estragos nos genes advindos de horas e mais horas na praia. “Nos testes, as amostras de pele com repairsome sofreram menos alterações no seu DNA”, aponta Paschoal. Ou seja, o produto atua tanto na prevenção como na restauração da cútis torrada. Hoje, ele é recomendado para quem teve um câncer de pele ou para pessoas com alto risco de desenvolver a chateação. Daí a razão do FPS 100. “Isso não quer dizer que seu fator de proteção solar é duas vezes maior do que o de um filtro com FPS 50 e que as pessoas podem se expor à vontade”, ressalva Eliandre Palermo, da SBD e da Sociedade Brasileira de Cirurgia Dermatológica. No futuro, talvez o filtro seja indicado para todos, mas isso depende de estudos. 
 

Bronzeamento nada saudável

Ficar horas ao ar livre sem nenhuma proteção contra o sol queima o código genético de duas maneiras:
Por uma pele livre de câncer
1. Estrutura abalada 
O DNA é formado por, entre outras moléculas, timinas, que se conectam a adeninas. E os raios ultravioleta, quando penetram no núcleo celular, quebram essa ligação.
 
2. DNA entortado 
A energia da radiação solar ainda faz com que uma timina se ligue a outra idêntica, desfigurando o DNA. Se a célula não corrige o defeito direito, surgem mutações cancerígenas.
 
Por uma pele livre de câncer
1. Fogo no palheiro 
O DNA capta os raios ultravioleta A. Aí, ele repassa a energia para partículas de O2, que se tornam nocivas e ganham o nome de oxigênio singlete.
 
2. O incêndio 
Essas moléculas agressivas, se não barradas pelas defesas do corpo, atacam os genes. Isso, em teoria, também daria em mutações que são o estopim para tumores.
 

Uma nova droga faz o organismo se rebelar contra o melanoma:
 

Por uma pele livre de câncer
1. Um alvo difícil 
O tumor muitas vezes nem é visto como um inimigo pelo corpo. Ou seja, apenas um ou outro anticorpo o enfrenta.
 
2. Pra piorar 
Após 48 horas do início do ataque, entram em cena os linfócitos reguladores, células que desativam os poucos soldados que assaltavam o câncer.
 
3. Uma tropa insaciável 
O ipilimumabe se liga ao linfócito regulador, inibindo sua atividade. Com isso, os anticorpos não são desligados, identificam o malfeitor e partem com tudo para cima dele.
 

Como o repairsome, princípio ativo do novo protetor, conserta o DNA:
 

Por uma pele livre de câncer
1. Acesso à célula 
A camada externa do repairsome é feita de lipossoma. Essa substância se funde com a membrana da célula, liberando a enzima fotoliase no seu interior.
 
2. A restauração 
A fotoliase então entra no núcleo e, ao receber luz do ambiente, começa, digamos, a reconstruir o DNA parcialmente comprometido.
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