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Diabéticos sob pressão

A doença que deixa a glicose nas alturas também contribui para a hipertensão e seus danos cardiovasculares. Entenda essa conexão e aprenda a contornar a dupla ameaça às artérias

Por Chloé Pinheiro (colaboradora)
Atualizado em 27 out 2016, 22h24 - Publicado em 26 nov 2014, 15h03
Sebalos / Thinkstock / Getty Images
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São tantos diabéticos com pressão alta no Brasil que daria para povoar  a cidade do Rio de Janeiro só com eles – cerca de 6,5 milhões de habitantes, ou quase 3,3% da nossa população, encaixam-se nesse perfil. Não por menos, a condição marcou presença no 31o Congresso Brasileiro de Endocrinologia e Metabologia, realizado em Curitiba no mês de setembro. “Precisávamos discutir essa ligação e as melhores abordagens para lidar com ela”, conta o cardiologista Emilton Lima Júnior, da Pontifícia Universidade Católica do Paraná, que deu uma aula sobre o assunto durante o evento. “Afinal, quando as duas doenças se manifestam juntas, geralmente provocam  problemas cardiovasculares mais graves”, justifica.

Mas o que o diabete tem a ver diretamente com o aperto nas artérias? “O aumento na taxa de glicose típico da enfermidade altera a estrutura dos vasos. Eles ficam predispostos à deposição de placas de gordura, capazes de enrijecê-los”, explica o cardiologista José Luiz Aziz, da Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo. No momento em que isso ocorre, a pressão dispara. Tem mais: o excesso de açúcar circulante promove um estado inflamatório crônico. E esse cenário, sozinho, já deixa os tubos por onde passa o sangue bem menos flexíveis.

Modificações estruturais nas artérias não são o único motivo que faz do diabete um estopim para a pressão alta. “O excesso de insulina liberado pelo organismo para baixar níveis de glicose eleva a atividade do sistema nervoso simpático”, aponta a endocrinologista Maria Edna de Melo, da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia. O que isso quer dizer? Bem, o tal sistema nervoso simpático rege um conjunto de comandos que visa acelerar processos fisiológicos como os batimentos cardíacos e a respiração. Para ter ideia, ele trabalha bastante em situações de estresse e fica praticamente desligado durante o sono. Acontece que, quando é superativado – seja por concentrações estratosféricas de insulina, seja por outra razão -, acaba estimulando uma contração exagerada dos vasos. Aí, mais uma vez, abre-se a brecha para a hipertensão.

Nem doce nem salgado demais

As táticas que ajudam um diabético a segurar a pressão são as mesmas preconizadas para qualquer ser humano: fazer exercícios, evitar o álcool, comer direito… Mas esse pessoal, às vezes até por se preocupar muito com o açúcar, dá menos atenção a outros ajustes na dieta. “Essa população também precisa equilibrar pra valer o consumo de sódio”, avisa Maria Edna. Nesse contexto, o refrigerante zero serve como um bom alerta. Embora livre de açúcar, ele carrega doses significativas do mineral que compromete as artérias — e nem por isso é visto com cautela por grande parte dos portadores de diabete. A ordem, portanto, é maneirar nos dois ingredientes.

Agora, se a hipertensão der as caras, os médicos têm à disposição uma série de remédios para domá-la. “Existem 59 moléculas no Brasil que tratam a doença”, estima Aziz. Entretanto, algumas podem prejudicar o controle da glicose. Cabe ao especialista achar uma alternativa a essa encruzilhada – e, ao paciente, seguir as recomendações para seguir sua vida numa boa, livre de apertos.

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De pouco em pouco

Ao adotar todas as atitudes abaixo, o diabético reduz a pressão de 21 a 55 mmHg. E isso diminui em duas vezes o risco de infarto e AVC

*Perda de peso

É um dos jeitos mais eficazes de mandar a hipertensão para longe. A cada 10 quilos eliminados, perdem-se de 5 a 20 mmHg.

*Dieta Dash

O cardápio, criado justamente para combater a pressão alta, inclui frutas, verduras, grãos integrais e lácteos magros. Investir nesses alimentos derruba de 8 a 14 mmHg.

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*Restrição do sal

O limite é o mesmo para todos: 2 gramas de sódio por dia, o equivalente a 5 gramas de sal de cozinha. Isso lima entre 2 e 8 mmHg.

*Maneirar no álcool

O excesso de drinques está relacionado ao desenvolvimento da hipertensão e interfere no efeito dos fármacos. Não abusar baixa a pressão em 2 a 4 mmHg.

*Atividade física

Suar a camisa faz com que os vasos permaneçam íntegros por mais tempo. A prática aplaca de 4 a 9 mmHg.

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