Infecções como gripes e resfriados no primeiro ano de vida podem ser letais. Frequentemente, o tratamento com antibióticos é a primeira opção para resolver o problema. Mas há um erro grave nessa escolha: boa parte das doenças da infância são causadas por vírus, não por bactérias. Portanto, adotar essa classe de remédios — que só tem efeito contra as bactérias — não soluciona a questão. Pior: pode trazer sérios riscos para a saúde e para o meio ambiente.
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Já se sabe que o uso desnecessário de antibióticos estimula a resistência bacteriana, processo em que esses micro-organismos ficam mais fortes e não morrem com a ação de fármacos. E agora, pesquisadores da Universidade da Carolina do Sul, nos Estados Unidos, descobriram que a prática também pode ser responsável por alergias alimentares. De acordo com dados de 1 504 crianças, aquelas que tomaram antibiótico nos 12 primeiros meses de vida eram 21% mais propensas a desenvolver algum tipo de alergia. A maior frequência de um determinado remédio aumentava pra valer esse risco. Usar uma mesma droga por três vezes elevava em 31% a probabilidade de desenvolver uma reação exacerbada a algum ingrediente da dieta. Se o indivíduo utilizava o composto em quatro oportunidades, a taxa pulava para 43%.
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O antibiótico mais empregado durante o estudo foi a penicilina, mas cefalosporina e sulfonamida, outros dois medicamentos da classe, foram os campeões em promover alergias. Por isso, os experts pedem cautela antes de sair receitando qualquer remédio. Muitas vezes, o diagnóstico é impreciso, e o uso desnecessário prejudica o sistema imune e as bactérias que formam a flora intestinal, o conjunto de micro-organismos que mora no estômago e nos intestinos e tem um papel primordial no equilíbrio de nosso corpo.