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8 problemas modernos que a evolução da espécie ajuda a explicar

Biólogo de Harvard, Daniel Lieberman investiga como nossos hábitos atuais e o ambiente à nossa volta contribuem para males de saúde crônicos

Por Diogo Sponchiato Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 17 fev 2017, 14h05 - Publicado em 16 fev 2016, 12h16
Yumi Shimada
Yumi Shimada (/)
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1. Obesidade

Sem suor, sem comida: essa era a lógica que desafiava nossos ancestrais dia após dia. Primeiro eles tinham de se embrenhar no mato para arrumar o jantar. Mais tarde, precisavam labutar no ciclo de plantio e colheita. Não era fácil alimentar um corpo e um cérebro ávido por energia, e isso tornou o organismo humano um senhor poupador e acumulador. Transfira esse mesmo personagem a um cenário de abundância de comida calórica, cheia de açúcar e gordura, com direito a delivery, e já viu… O balanço energético não fecha. Sim, o excesso de peso, que já afeta mais da metade dos brasileiros, tem razões evolutivas.

2. Doenças cardiovasculares

Os quilos a mais, o cardápio desregrado e o sedentarismo pesam também contra as artérias. Aquele senhor acumulador chamado corpo humano tende a estocar gordura bem escondido, lá dentro do abdômen. Só que, longe de ser um cofre, esse tecido é uma usina de moléculas inflamatórias. “O silencioso assassino inflamatório”, nos termos de Lieberman, é um dos responsáveis pelos eventos que culminam em infartos e AVCs. Mas outros ingredientes ligados ao estilo de vida, como pressão e colesterol altos, compõem essa receita potencialmente letal.

3. Osteoporose

“Nenhum engenheiro conseguiu criar um material tão versátil e funcional como o osso”, diz Lieberman. Só que esse material carece de estresse. Estresse dos bons, claro, e que se traduz por estímulos físicos. Você não vai subir em árvores ou pular atrás de uma caça, mas pode muito bem montar uma rotina de exercícios. Eles ajudam a promover equilíbrio entre as células que consomem e as que reparam o tecido ósseo. Quanto mais cedo você construir sua poupança pró-esqueleto, melhor. E essa poupança fica forrada mesmo se incluir no pacote a ingestão de fontes de cálcio e banhos diários de sol.

4. Cáries

Análises de arcadas dentárias de nossos antepassados revelam que a cárie era coisa rara. Da mesma forma, estudos com tribos isoladas mal identificam o problema. Por quê? A resposta está na dieta. Nós, alvos preferenciais da cárie, temos uma forte presença de açúcar e carboidratos simples no cardápio. E falta fibra, fornecida por frutas e raízes, para ajudar na faxina dental. Aliás, alimentos mais duros, como os que recheavam o menu dos antigos, parecem estimular até o alinhamento da dentição. Lieberman dá uma solução moderna ao dilema: pode mascar chiclete, desde que seja sem açúcar.

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5. Dores

Se fizéssemos uma enquete sobre a posição em que as pessoas passam a maior parte do dia, é provável que a opção mais marcada seria “sentado”. Pois a vida na cadeira e no sofá, mais cômoda hoje, pode incomodar anos depois. Horas com as nádegas no assento favorecem a atrofia dos músculos do abdômen e da coluna e acentuam a pressão na lombar. Com o tempo, as costas perdem o devido sustentáculo e reclamam com dor. Não à toa, entre 60 e 90% da população se queixa disso ao menos uma vez na vida. Passar mais tempo em pé e recorrer a mesinhas altas no escritório seriam formas de blindar a coluna.

6. Pé chato e lesões

Fomos feitos para andar descalços. Mas, há coisa de 45 mil anos, bolamos o primeiro protótipo de sapato. De lá pra cá, o protetor de pés mudou demais: ganhou sola maior, camada antiderrapante e amortecedores. A segurança, o conforto e a moda agradecem. Nossos pés, nem tanto. Lieberman afirma que a dependência cada vez mais precoce de tênis e afins corta estímulos preciosos para o desenvolvimento do arco do pé. Resultado: mais pés chatos andando por aí, bem como uma maior suscetibilidade a lesões. Por isso ele prega que nossos filhos deveriam ser instigados a caminhar mais descalços.

7. Alergias e doenças autoimunes

Por séculos, os agentes infecciosos foram o terror da humanidade. A guerra contra os micróbios, lançada no século 19, ajudou a virar o jogo e derrubou o número de vidas abatidas por vírus e bactérias. Mas vacinas, remédios e desinfetantes trouxeram um efeito colateral: a imunidade já não é tão bem treinada como antes. Assustada, passa a agredir partículas inofensivas, como a proteína de um alimento ou uma célula do próprio corpo. É assim que a teoria da higiene explica o boom de alergias e doenças autoimunes. Que lição a gente tira? Um pouco de sujeira faz bem. Abrir mão de vacinas e medicamentos já é loucura.

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8. Miopia

Alguns hábitos são enriquecedores, mas parecem ter pregado uma peça em nossa biografia evolutiva. A miopia é um exemplo. De acordo com Lieberman, enxergar mal a distância quando se dependia da caça significava uma baita desvantagem. Com a evolução cultural, conseguimos reduzir a jornada por comida e ampliar a dedicação à escrita e à leitura. Existem evidências, porém, de que a concentração nos estudos e a falta de luz natural atrapalham o desenvolvimento do globo ocular. Não é por menos que na China, onde a prevalência de miopia é altíssima, já se avalia até montar salas de aula com teto e paredes transparentes.

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