O que é eritrosina? Corante vermelho foi proibido nos Estados Unidos
Composto que dá o tom vermelho brilhante a um conjunto de alimentos e medicamentos não poderá mais ser utilizado no país norte-americano

Um corante sintético entrou na mira da Food and Drug Administration (FDA), agência reguladora dos Estados Unidos. Trata-se da eritrosina, um composto que dá o tom vermelho brilhante a um conjunto de alimentos, como doces, bolos, biscoitos, sobremesas e coberturas, além de medicamentos.
A FDA emitiu uma ordem para revogar a autorização de uso da substância no país. Na prática, fabricantes que utilizam o chamado FD&C Red No. 3 em alimentos terão dois anos para reformular seus produtos. No caso da indústria farmacêutica, o prazo será um pouco maior, de três anos.
No Brasil, a utilização do corante é permitida em algumas categorias de alimentos e medicamentos, de acordo com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Consultada, a Anvisa afirmou que as autorizações podem ser revistas a qualquer tempo, caso haja novas evidências que indiquem risco à saúde.
“Embora a FDA não mencione a existências de novas evidências e que as evidências conhecidas não levantem preocupação de segurança para consumo humano, a Anvisa estudará as referências científicas da petição apresentada à autoridade americana, motivadora da ação, verificando a existência de justificativa para uma reavaliação”, disse a Anvisa em nota.
“A eritrosina mostrou em animais um aumento na incidência de tumores da tireoide. Também por conter uma boa quantidade de iodo pode levar às disfunções da glândula como o hiper e hipotireoidismo, no caso de exposições em período prolongados”, resume o médico nutrólogo Durval Ribas Filho, presidente da Associação Brasileira de Nutrologia (Abran).
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A agência norte-americana pondera que estudos em outros animais e em humanos não mostraram o mesmo efeito e não há evidências mostrando que o corante cause câncer nas pessoas.
“Essa decisão pela proibição dos EUA está mais baseada no princípio da preocupação, ou seja, a FDA adotou uma abordagem preventiva mais relacionada a esse aditivo, em produtos alimentícios, e que eventualmente poderia provocar efeitos semelhantes aos observados em animais”, avalia Ribas.
A opinião é compartilhada pelo farmacologista Lucas Gazarini, professor da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS).
“Nos estudos em animais de laboratório, doses muito grandes foram usadas, muito maiores que as consumidas por humanos, em geral. Além disso, a ação carcinogênica em ratos parece ser associada a efeitos hormonais do corante, que atuam em uma rota metabólica que existe nos roedores, mas não em humanos”, pontua Gazarini.
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O médico Celso Cukier, nutrólogo do Hospital Israelita Albert Einstein, destaca a importância de estudos complementares sobre o assunto.
“É algo que tem que ser melhor avaliado antes de julgar ou seguir a recomendação do governo americano, por exemplo. Até porque temos boas agências reguladoras que devem observar o caso e tomar as decisões corretas”, enfatiza.