Falamos de um tipo de açúcar exclusivo do leite — leite produzido por qualquer mamífero, diga-se de passagem. A lactose é a responsável por aquele gostinho levemente adocicado da bebida. Quando a gente toma um copo de leite ou come um dos seus derivados, como queijo, essa molécula vira energia para abastecer nossas células.
Só que, a fim de ser devidamente aproveitada, a lactose precisa ser quebrada em outras duas partículas menores: a galactose e a glicose. Por trás desse processo está uma enzima, a lactase. Tudo isso acontece lá nas bandas do intestino.
Mas, e a tal da intolerância?
Ela aparece justamente quando o organismo não produz a lactase em quantidade suficiente para dar conta de toda a lactose ingerida. Essa carência é a chave do problema. O açúcar do leite que fica dando sopa no intestino acaba, então, fermentado por bactérias, provocando mal-estar.
A intolerância surge de diferentes maneiras. Um tipo mais raro do distúrbio é o congênito, ou seja, o indivíduo nasce sem a capacidade de fabricar a lactase. Aí o leite e os seus derivados nunca serão digeridos, e essa condição se arrastará pela vida toda.
Em geral, porém, a encrenca tem origem na diminuição até esperada da produção dessa enzima conforme envelhecemos. É natural que o bebê, que se alimenta exclusivamente de leite materno, conte com um abastecimento de lactase lá no alto. A partir dos 3 anos de idade, quando outros alimentos entram com tudo no cardápio, o organismo percebe a mudança de padrão. Ora, se existe menos lactose no pedaço, para que fornecer tanta lactase? A redução no suprimento é, portanto, normal, mas, para algumas pessoas, isso acontece de forma acentuada. Daí que o organismo fica despreparado para receber goles de leite e afins.
Ainda há uma terceira causa, esta indireta, de intolerância: quando infecções ou um processo inflamatório da pesada arrasam as células do intestino que geram a lactase. Se o tratamento entrar em cena a tempo, dá para reverter a situação.