Genética para deixar de fumar
Pesquisa brasileira otimiza o uso de comprimidos contra a dependência por meio de análise do DNA
Em um trabalho pioneiro, cientistas do Instituto do Coração (InCor), em São Paulo, desvendaram que os genes podem influenciar na escolha do melhor fármaco para combater o tabagismo. Após analisar os cromossomos de 483 fumantes, eles notaram que determinadas características genéticas favorecem o efeito do remédio vareniclina em um grupo de indivíduos, enquanto outra parcela se mostrou mais propícia à ação da bupropiona (leia mais sobre eles abaixo). “A ideia é que os testes genéticos tornem o tratamento mais objetivo e certeiro”, explica a cardiologista Patrícia Gaya, que apresentou os achados no último congresso da Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo.
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Remédios versus cigarro
Vareniclina
O comprimido age nos receptores de nicotina que existem no cérebro. Faz o indivíduo perder o prazer de fumar.
Bupropiona
Antidepressivo que atua na dopamina, neurotransmissor ligado ao bem-estar. Ajuda a lidar com a abstinência.
Adesivo
Repõe a nicotina por meio da pele e permitiria largar o vício aos poucos. Sua eficácia, porém, é baixa.
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Tratamento seguro?
“Apesar de estarem aprovadas em muitos países [inclusive no Brasil], ainda pairavam dúvidas sobre os efeitos colaterais da vareniclina e da bupropriona em pessoas com doenças psiquiátricas”, conta a cardiologista Jaqueline Scholz, diretora do Programa de Tratamento do Tabagismo do InCor. Mas um estudo capitaneado pela Universidade da Califórnia em San Diego, nos Estados Unidos, resolveu a celeuma. “Nenhum dos dois medicamentos aumentou a incidência de eventos adversos moderados ou graves em sujeitos saudáveis ou com algum problema”, revela o psiquiatra Robert Anthenelli, líder da investigação que envolveu mais de 8 mil participantes de 16 países e foi publicada no periódico The Lancet.