Nanotecnologia pode transformar o tratamento de diversas doenças
A promissora estratégia tem potencial para levar medicamentos a áreas específicas do corpo, tornando mais eficazes diferentes terapias

O uso de partículas em escala nanométrica vem fomentando estudos em diferentes áreas, incluindo a medicina, na qual promete ser a chave para entregar medicamentos diretamente em células e tecidos afetados, potencializando sua eficácia.
É o caso do trabalho apresentado em 2024 no Prêmio Veja Saúde & Oncoclínicas de Inovação Médica. Vencedor na categoria Terapias e Tratamentos Inovadores, o projeto desenvolvido no Instituto de Física de São Carlos da Universidade de São Paulo (USP) vem testando um novo método que poderá ser usado para tratar o glioblastoma, um tipo de câncer cerebral: via nasal, a partir de nanopartículas.
O tratamento convencional desse tipo de tumor, entre outros desafios, exige altas doses de quimioterapia para conseguir atravessar a barreira hematoencefálica, estrutura que protege o cérebro de patógenos e toxinas, mas também dificulta a entrada de medicamentos na região.
As nanopartículas se prenunciam como forma de acesso mais seguro. No experimento da USP, elas são recobertas por membranas de células retiradas do tumor, sendo assim atraídas pela região acometida pela doença.
Os testes in vivo, em modelos com suínos e ovos de galinha, mostraram que o método mantém a configuração do fármaco e é capaz de alcançar, combater e reduzir o tumor, projetando assim a possibilidade de, no futuro, a medicina contar com um spray nasal para incrementar o tratamento do glioblastoma.
Além de ser um caminho alternativo para o manejo de distúrbios do sistema nervoso, vantagens como melhorar a estabilidade e o tempo de circulação dos medicamentos e promover sua penetração em células-alvo abrem a perspectiva de uso de nanofármacos em outros tipos de câncer.
A Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), por exemplo, pesquisa um nanofármaco batizado de OncoTherad, um imunoterápico para o tratamento de tumor de bexiga de pacientes que não respondem às terapias convencionais.
De acordo com artigo publicado no periódico International Journal of Molecular Sciences, a estratégia eliminou o tumor em mais de 72% de homens e mulheres participantes do estudo. A molécula estimula a produção de uma proteína, o interferon, que por sua vez ativa o sistema de defesa para evitar o crescimento de células cancerosas após a cirurgia de retirada do tumor.
Estudos e soluções como esses, que representam avanços em terapias e tratamentos, são analisados pelos jurados do Prêmio Veja Saúde Oncoclínicas de Inovação Médica, que está em andamento. Os vencedores da edição 2025 serão conhecidos em cerimônia presencial no dia 5 de setembro e, logo em seguida, anunciados nos site de VEJA SAÚDE. Acompanhe também no site da premiação.
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