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Conheça os vencedores do Prêmio Abril & Dasa de Inovação Médica 2020

Premiação foi voltada a pesquisas, campanhas e demais iniciativas brasileiras contra a Covid-19

Por Goretti Tenorio
9 dez 2020, 20h45
logo do prêmio
Prêmio destaca trabalhos nos campos científico, clínico, tecnológico e assistencial.  (Logo: Thiago Lyra/SAÚDE é Vital)
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Em um ano marcado por uma nova doença e tão centrado no universo da saúde, o Prêmio Abril & Dasa de Inovação Médica não podia deixar de reconhecer o esforço dos brasileiros que se dedicaram a deter o coronavírus e salvar o maior número de vidas. Daí a edição especial Covid-19 em 2020, que tem a curadoria de VEJA SAÚDE.

O júri técnico, formado por grandes nomes da medicina brasileira, analisou dezenas de trabalhos submetidos nas cinco categorias: Inovação em Medicina Social, Inovação em Medicina Diagnóstica, Inovação em Genética, Inovação em Prevenção e Inovação em Tratamento. Com a média das notas deles, a premiação chegou aos cinco vencedores, anunciados em um evento online promovido pela Dasa e a Abril.

Conheça o time de jurados aqui. E agora saiba quem foram os campeões do Prêmio Abril & Dasa de Inovação Médica – Especial Covid-19:

Inovação em Medicina Social

Vencedor: Telemedicina SAS Brasil e cabine de teleatendimento com desinfecção automática para comunidades carentes durante a pandemia do novo coronavírus
Autora: Adriana Mallet Toueg
Instituição: Saúde, Alegria e Sustentabilidade Brasil (SAS Brasil)

“As primeiras notícias sobre a pandemia já acenderam o alerta. As comunidades carentes estariam mais suscetíveis à infecção e precisavam ser protegidas”, recorda a médica Adriana Mallet Toueg, à frente da ONG Saúde, Alegria e Sustentabilidade Brasil (SAS Brasil), com sede em São Paulo. Em operação desde 2007, a entidade imediatamente concentrou sua atuação no enfrentamento da Covid-19 nessa população, fomentando o uso de recursos digitais para diminuir a ida aos serviços de saúde e com isso refrear o contágio.

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Do lado de lá das telas, centenas de médicos e milhares de voluntários foram garantindo a ampliação da rede de atendimento. Mas era preciso inovar e criar estratégias para amparar também aquelas pessoas com limitação de acesso à internet e pouca familiaridade com a tecnologia. Nasceu assim a ideia de desenvolver cabines de teleatendimento — duas delas instaladas na comunidade da Maré, zona norte do Rio de Janeiro, e outra no Jardim Colombo, zona oeste da capital paulista.

O trabalho envolve a entrega de oxímetro na casa dos moradores diagnosticados com a doença, a fim de monitorar a oxigenação no sangue, um parâmetro importante para indicar complicações. “Pelo menos 1 milhão de pessoas foram impactadas com essa ação”, conta Adriana.

A médica celebra ainda a possibilidade de colaborar para a formação em saúde digital de centenas de estudantes de medicina envolvidos com o projeto — o programa gerou tanta repercussão que motivou a assinatura de convênios com universidades. “Eles sairão dessa jornada mais preparados também numa perspectiva humanística”, conclui.

Inovação em Prevenção

Vencedor: IACOV-BR: Inteligência Artificial para Covid-19 no Brasil 
Autores: Autores: Alexandre Dias Porto Chiavegatto Filho, André Filipe de Moraes Batista, Gabriel Dalla Costa, Gustavo Sainatto, Ruchelli França de Lima, Roberta Wichmann, Tiago Almeida de Oliveira, Bruno Casaes Teixeira, Maria Eduarda Santana, Hellen Matarazzo, Felippe Lazar Neto, Carla Ferreira do Nascimento, Diego Pereira Barboza, Fernando Timoteo Fernandes, Mariane Furtado Borba e Thales Pardini
Instituição: Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo (USP)

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Com tantas e tão diversas manifestações da infecção pelo coronavírus, e diante de recursos finitos, muitas vezes as equipes médicas encaram um dilema: quem precisa ser acompanhado mais de perto, em ambiente hospitalar? E quando é possível indicar com segurança que a recuperação seja feita em casa? Para assessorar nessa decisão, cientistas da Faculdade de Saúde Pública da USP criaram a rede Inteligência Artificial para Covid-19 no Brasil (Iacov-BR).

“Usando as características clínicas do paciente coletadas no momento da triagem, logo após o resultado positivo para Covid-19, o algoritmo consegue apontar com alto grau de acurácia a provável evolução do quadro, ou seja, se essa pessoa vai precisar de ventilação mecânica, ser internada em UTI ou se é alto o risco de óbito”, explica Alexandre Dias Porto Chiavegatto Filho, um dos idealizadores da plataforma.

De posse dessas informações, o médico monta o plano terapêutico mais adequado para reduzir o risco de complicações. No Brasil, essa tecnologia pode ser especialmente útil na priorização de internações e monitoramentos em locais remotos, onde nem sempre se encontram especialistas, vagas e equipamentos hospitalares suficientes nos serviços públicos de saúde.

A equipe da USP se prepara agora para lançar um aplicativo, o RandomIA, que vai facilitar o acesso às análises mostrando em telas de celulares e tablets o prognóstico de cada caso contemplado.

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Inovação em Genética

Vencedor: OmniLAMP: diagnóstico molecular em qualquer lugar
Autores: Rubens Lima do Monte Neto, Diógenes de Oliveira Alcântara, Flávio Diniz Capanema, João Pedro Augusto Alves, Paulo Linhares Velloso, Henrique Resende Martins e Angelo Zandona Freitas
Instituições: Visuri e Instituto René Rachou – Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz Minas)

Não é segredo para ninguém: nosso país enfrenta enormes dificuldades para testar massivamente a população na pandemia — sobretudo quando se trata de usar uma tecnologia de ponta capaz de detectar o material genético do Sars-CoV-2. Pois um dispositivo simples, portátil e de baixo custo desenvolvido por pesquisadores do Instituto René Rachou/Fiocruz Minas, em parceria com a empresa Visuri, promete ser uma alternativa para mudar essa história. O OmniLAMP realiza testes moleculares — considerados o padrão ouro no diagnóstico da doença — em menos tempo e com a mesma precisão dos exames convencionais de RT-PCR.

Diferentemente dos testes tradicionais, no equipamento todo o processamento acontece numa mesma temperatura, com o uso de um método chamado amplificação isotérmica medida por loop (LAMP, na sigla em inglês). “Essa característica dispensa estruturas laboratoriais complexas, o que faz o custo do aparelho ser dez vezes menor”, explica o biólogo Rubens Lima do Monte Neto, do time da Fiocruz.

“A primeira etapa é transformar o RNA do vírus em DNA, numa reação mediada por uma enzima chamada transcriptase reversa”, descreve. Aí a molécula precisa ser amplificada milhares de vezes para que possa ser visualizada tanto pelo software da máquina como pelo operador.

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No OmniLAMP, o resultado final dessa amplificação é uma mudança de cor, que passa de rosa para amarelo quando o vírus está presente na amostra. A agilidade do processo, com duração de meia hora, é outro fator que contribui para a popularização dos testes moleculares e a elaboração de estratégias para controlar a dispersão do vírus.

Inovação em Medicina Diagnóstica

Vencedor: Projeto RADVID Inrad-HCFMUSP: Diagnóstico de Covid-19 através da análise de imagens radiológicas utilizando algoritmos de inteligência artificial
Autores: Claudia da Costa Leite, Marco Antônio Bego, Marcelo de Maria Félix, Bruno Aragão, Gustavo Meirelles, Marcio Valente Yamada Sawamura, Shri Krishna Jayanti, Diogo Leão, Cesar Nomura, Cleiton Caldeira e Giovanni G. Cerri
Instituição: Instituto de Radiologia do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (Inrad-HCFMUSP)

Pioneira na América Latina, a plataforma criada por cientistas da Universidade de São Paulo (USP) teve origem em um objetivo tão ambicioso quanto urgente: não apenas ajudar a detectar o coronavírus, mas prever os casos em que ele pode provocar mais danos. “Víamos pacientes chegarem com o pulmão comprometido, com insuficiência respiratória, mas com resultado negativo no teste para Covid-19 ou mesmo sem ter feito exame por falta de kits”, relata a radiologista Claudia da Costa Leite.

A solução da sua equipe foi criar uma base de dados de tomografias de tórax, disponibilizando acesso a médicos de todo o Brasil, e usar algoritmos treinados para fazer as análises. “De um hospital de campanha no Pará, por exemplo, o médico enviava a imagem e recebia o relatório”, conta a médica.

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Batizada de RadVid19, a plataforma realiza em poucos minutos uma varredura em milhares de imagens e, por comparação, indica se as alterações de determinado paciente são compatíveis com quadros da infecção. “O pulmão afetado tem áreas com o aspecto de vidro fosco e apresenta lesões específicas, mais periféricas”, explica Claudia.

O algoritmo determina ainda qual porcentagem do órgão foi lesada, sinalizando a necessidade de internação ou tratamento mais intensivo. Em dezembro, entram em ação mais quatro algoritmos, estes desenvolvidos por startups brasileiras — dois deles são capazes de analisar também raios x, aumentando a abrangência do RadVid19.

Inovação em Tratamento

Cicloergômetro Vida Inteligente e a transformação digital da reabilitação
Autores: Linamara Rizzo Battistella, Milton Oshiro (in memorian), Eduardo Yamanaka, Daniel Tamashiro, José Augusto Fernandes Lopes, André Tadeu Sugawara, Eduardo M. Dias, Maria Lídia Dias, Elcio Brito da Silva e André Sernaglia
Instituição: Instituto de Medicina Física e Reabilitação (IMREA) do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HCFMUSP)

Quando a Covid-19 mostra sua face mais severa, a pessoa infectada precisa passar bastante tempo acamada, muitas vezes em UTI. Em quadros assim, os longos períodos de imobilidade cobram um preço alto: fraqueza muscular, dores, paralisia dos membros, perda acentuada de peso — sem contar as repercussões cardiovasculares e as lesões por pressão castigando o corpo.

Para reverter esse processo, uma equipe do Instituto de Medicina Física e Reabilitação da Universidade de São Paulo (IMREA/USP) desenvolveu o Cicloergômetro Vida Inteligente. “Com a máquina, o paciente consegue se exercitar, mesmo estando inconsciente. Assim melhora a função respiratória e cardíaca por meio de um exercício natural, ainda que gerado artificialmente”, conta o fisiatra André Tadeu Sugawara, do grupo que desenvolveu o protótipo.

Tudo tem início quando eletrodos colocados nas pernas descarregam uma corrente elétrica, estimulando os movimentos. O aparelho vai registrando informações, como índice de cansaço e frequência cardíaca, o que ajuda o terapeuta a decidir se deve acelerar, desacelerar ou ainda se é preciso algum incentivo motivacional para dar continuidade.

“Testamos uma sequência infindável de combinações para chegar à melhor forma de estimular os músculos”, diz Sugawara. De acordo com os criadores, o cicloergômetro é a primeira etapa de um plano de transformação digital que aprimora tratamentos pela utilização de equipamentos de reabilitação inteligentes.

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