O gene FGFR3 exerce um papel importante: é ele que, no final da adolescência, envia sinais para reduzir a velocidade com que uma pessoa ganha altura. Mas, quando sofre uma mutação, ainda na formação do gameta, a criança que possui o gene com essa alteração nasce com uma doença chamada acondroplasia.
Ela afeta, em média, um a cada 25 000 bebês e é o principal tipo de nanismo. Aproximadamente 250 000 pessoas ao redor do mundo têm acondroplasia. Vale frisar que 80% dos casos de acondroplasia são de pais com estatura mediana, ou seja, não são acometidos pela condição. O principal fator para ocorrer a mutação do gene é a idade paterna – quanto mais avançada a idade do pai, maiores as chances de o filho nascer com acondroplasia.
Com a mutação, os homens alcançam, em média, apenas 1,31 metro de altura. As mulheres, 1,24 metro. Há casos em que a altura mal ultrapassa 1,10 metro.
Na família da advogada carioca Kenia Rio, de 56 anos de idade e 1,25 metro de altura, a acondroplasia é uma presença constante. O pai, que nasceu em 1928, tinha a doença, ainda que não existissem casos na família – é o que os médicos chamam de mutação nova. A esposa dele não apresentava a condição, mas os três filhos do casal, sim.
Por isso, Kenia e os dois irmãos cresceram em uma casa em que o nanismo era maioria. “Nosso núcleo familiar era bem resolvido, meu pai era muito bem-sucedido profissionalmente e insistiu para que nós estudássemos muito.” Os três eram os únicos acondroplásicos da escola onde estudaram. “Fomos bem acolhidos pelos professores e pelas outras crianças”, lembra ela.
“Na escola do meu filho, eu presenciei cenas de preconceito”, relata a advogada, que é também presidente da Associação Nanismo Brasil (Annabra). Com a manifestação da doença no neto, a família chega, portanto, à quarta geração de acondroplásicos.