Saúde bucal: mercúrio, usado para restaurar cáries, é proibido. E agora?
Especialista aborda as leis e conta o que a pessoa que tem amálgama nos dentes deve fazer
Em julho deste ano, a Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (Alesp), aprovou o Projeto de Lei nº 1475 /2023, banindo o uso de amálgama na odontologia, material que leva mercúrio, prata, estanho e cobre.
A amálgama era muito utilizada para preencher cavidades, como as restaurações de cáries e de dentes fraturados, e para finalizar tratamentos endodônticos, quando você restaura a parte superior do canal do dente. O “dente prateado”, assim chamado por conta da cor do acabamento, se tornou famoso e popular, pois o material era durável e resistente à oxidação.
Em janeiro de 2019, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), por meio da resolução RDC n° 173, já tinha proibido a fabricação, importação, comercialização e o uso, em serviços de saúde, dos elementos de mercúrio e pó para liga de amálgama na forma não encapsulada.
A proibição é uma forma de diminuir a utilização do mercúrio, metal pesado que pode fazer mal à saúde e ao meio ambiente em sua forma elementar ou orgânica.
Porém, uma publicação, endossada pela Sociedade Brasileira de Pesquisa Odontológica e pelo Conselho Federal de Odontologia (CFO), argumenta que os níveis do metal liberados na amálgama são baixos e não representam perigo à saúde. De acordo com o estudo, as restaurações deste tipoo não causam envenenamento, intoxicação ou agravos à saúde.
Eu tenho amálgama nos meus dentes, o que fazer?
Nada. Segundo o Ministério da Saúde, quem já passou pela restauração com o material, não precisa removê-lo, pois não apresenta riscos à boca ou organismo. A amálgama era aplicada no esmalte, com um forramento, para não acontecer o contato com a polpa, que é uma região cheia de vasos sanguíneos.
De qualquer forma, você precisa continuar visitando regularmente o seu dentista para avaliação, prevenção e tratamentos de qualquer condição.
E quem precisar restaurar algum dente agora conta com alternativas à amálgama, entre elas, a resina composta e a porcelana, também usadas na elaboração das lentes/facetas dentais, e até o ouro. Todas são duráveis e resistentes à oxidação.
Muitos pacientes escolhem as obturações por conta da cor. Geralmente, a branca (da resina ou porcelana) traz mais harmonia estética e tem um custo mais vantajoso. Opções não faltam para quem precisa resolver uma cárie ou outro problema do tipo.
*Patrícia Almeida é cirurgiã-dentista, especialista em reabilitação oral e estética, idealizadora da Almeida Clinic e integrante da Associação Paulista de Cirurgiões Dentistas (APCD)