Assine VEJA SAÚDE por R$2,00/semana
Imagem Blog

Com a Palavra Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO

Por Blog
Neste espaço exclusivo, especialistas, professores e ativistas dão sua visão sobre questões cruciais no universo da saúde
Continua após publicidade

Esclerose múltipla: não basta ter novos remédios. É preciso ter acesso!

No Agosto Laranja, mês de conscientização sobre a doença, especialista fala da evolução no tratamento e da necessidade de ela virar realidade no SUS

Por Bianca Oliveira, neurologista*
9 ago 2023, 10h07

Dentro da ciência e da medicina, ao falarmos sobre o manejo de doenças crônicas – aquelas de longa duração ou incertas sobre a possibilidade de cura –, focamos em controlar os sintomas e impedir ou retardar a progressão para proporcionar bem-estar físico e emocional ao paciente.

Partimos do princípio de que o convívio prolongado com a condição não deve ser um impedimento para uma vida com qualidade e conforto.

Entretanto, quando a doença crônica afeta o sistema nervoso central e é potencialmente incapacitante, como é o caso da esclerose múltipla, são diversos os desafios a serem enfrentados pelo paciente durante sua jornada.

A esclerose múltipla é uma doença neurológica autoimune que apresenta maior incidência em mulheres jovens, entre 20 e 40 anos. Os sintomas da podem variar, mas os mais comuns são visão turva, formigamento dos membros, fadiga e problemas com força e coordenação motora.

Continua após a publicidade

Apesar de a condição ter sido descrita pela primeira vez há mais de 150 anos, a maior dificuldade de quem a tem segue sendo o tratamento.

De fato, os últimos 20 anos foram de grandes descobertas e avanços terapêuticos para a área, mas a jornada de quem convive com a condição continua bastante desafiadora.

Sendo uma doença com formas clínicas diversas – podendo variar inclusive no mesmo paciente de acordo com a fase da vida em que se encontra –, o tratamento da esclerose múltipla precisa ser pensado de maneira individual, considerando comorbidades, hábitos de vida, fatores de risco e prognóstico de cada um.

Continua após a publicidade

Isso porque o medicamento que funciona para um paciente não irá necessariamente funcionar para outro.

+ LEIA TAMBÉM: Cuidado com as falsas promessas de cura para esclerose múltipla

Estudos recentes mostram que uma escolha de tratamento baseada nas necessidades individuais é capaz de evitar o acúmulo de incapacidades físicas, retardar a progressão da doença e oferecer mais qualidade de vida, principalmente se esta decisão for tomada logo após o diagnóstico, momento da principal janela terapêutica e o mais propício para interferir na evolução natural da enfermidade.

Continua após a publicidade

Existe um leque de terapias inovadoras desenvolvidas nas últimas décadas e, com o paciente tendo à sua disposição várias opções de tratamento, o médico pode chegar à decisão mais adequada com mais facilidade. Entretanto, se essas opções não estão disponíveis no sistema público, a maioria da população brasileira fica privada de um tratamento realmente personalizado.

Um exemplo é o impacto significativo na qualidade de vida das pessoas com esclerose múltipla altamente ativa que dependem do Sistema Único de Saúde (SUS) para o tratamento, uma vez que todas as opções terapêuticas disponíveis são por via de infusão.

Dados do Datasus revelam que 43% desses pacientes precisam viajar mensalmente para retirar sua medicação e realizar seus tratamentos. Num período de cinco anos, são submetidos a 130 deslocamentos para clínicas ou hospitais para infusões e 95 exames, perdendo aproximadamente 65 dias de trabalho.

Continua após a publicidade

Já existem medicamentos aprovados pela Anvisa que podem mudar esse cenário e oferecer uma vida melhor para quem tem a esclerose múltipla remitente recorrente altamente ativa. É o caso da cladribina oral, um remédio administrado por meio de comprimidos ao longo de 20 dias durante os primeiros dois anos de tratamento, dose capaz de sustentar a eficácia por pelo menos quatro anos.

Para muitos desses pacientes, a administração via oral oferece comodidade e favorece a adesão ao tratamento, já que não há a necessidade de locomoção até um centro de infusão. Além disso, o esquema de tomada da cladribina em ciclos dá espaço para que as pacientes que desejam ser mães planejem sua gestação e amamentação.

Neste momento, a Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde (Conitec) está avaliando por meio de uma consulta pública a possibilidade de incorporação da cladribina oral no SUS. Qualquer cidadão com 18 anos ou mais pode opinar sobre a incorporação – há também um tipo de contribuição técnica que pode ser feita por profissionais da saúde.

Continua após a publicidade

Ter mais uma opção de tratamento gratuito à disposição pode fazer a diferença na vida de milhares de pacientes.

Compartilhe essa matéria via:

* Bianca Oliveira é neurologista e médica responsável técnica pelo Centro de Referência em Esclerose Múltipla do Estado da Paraíba (CREMPB)

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 2,00/semana*

ou
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Veja Saúde impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 12,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.