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Chikungunya: o inquilino indesejado que chegou para ficar

O impacto do vírus chikungunya no Brasil e a busca por vacinas e outras soluções contra ele

Por Lucas Zanandrez, biomédico*
7 jul 2023, 10h06

Nós, brasileiros, estávamos tão acostumados a lidar com a dengue que mal percebemos um novo inimigo à espreita. Seu nome é chikungunya, ou “aquele que se dobra”, em referência à dor debilitante causada pela doença. A palavra vem do idioma local da Tanzânia, onde o vírus foi identificado pela primeira vez. Mas ele não ficou por lá.

Em 2014, ele pegou carona no mosquito Aedes aegypti e alugou um espaço em nosso “condomínio Brasil”.

Mas ele não é um inquilino educado. Em 2017, fez uma festa de arromba, no Ceará, causando uma das maiores epidemias de chikungunya do país. Nesta ocasião, infectou mais de 70 mil pessoas e mostrou a que veio.

O vírus causa febre, dor de cabeça e, principalmente, dores nas articulações, além de ter uma letalidade maior que a dengue.

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+ Leia também: Dengue 3 volta a circular após 15 anos sem causar epidemias no Brasil

Por onde passa, o chikungunya deixa um lembrete da sua estadia: em mais da metade dos casos, as dores nas articulações não somem e incapacitam por pelo menos 3 meses, levando a afastamentos do trabalho e a uma redução drástica da qualidade de vida.

Ou seja, ninguém quer esse hóspede por perto. Mesmo assim, aproveitando-se da disseminação do Aedes pelas cidades, o chikungunya já causa epidemias anuais e assinou um contrato de aluguel sem data para expirar.

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Em 2023, até maio, já eram 80 mil casos pelo Brasil, número maior do que no mesmo período de 2022.

As soluções para o despejo

O cenário é preocupante, mas nem tudo está perdido. Em junho deste ano, foram publicados os resultados parciais da última fase de testes de uma vacina contra chikungunya.

Trata-se da VLA1553, vacina de dose única que usa o vírus enfraquecido para estimular a resposta imune. Até agora, o estudo, com cerca de 4000 participantes, demonstrou que a vacina produz anticorpos, sem efeitos colaterais graves.

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+ Leia também: Saiba onde a chikungunya matou mais que a dengue na última década

Apesar de ser produzida por uma farmacêutica francesa, brasileiros podem comemorar. A empresa Valneva, dona da fórmula, tem parceria com o Instituto Butantan.

É uma sinalização de que, caso a vacina seja eficaz, trazê-la para o SUS será mais fácil, já que colaboramos com as pesquisas.

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Prevenção da chikungunya

Até que haja uma solução efetiva contra o vírus devemos ficar atentos especialmente entre fevereiro e julho, quando é esperado que os casos da doença aumentem. Além da atenção aos sintomas, é necessário reforçar a prevenção.

Mantenha comorbidades como diabetes, hipertensão e doenças cardíacas sob controle. Elas aumentam o risco de chikungunya grave. Cuide para não deixar água parada e reforce o uso de repelente caso veja muitos mosquitos.

E acima de tudo, cobre das autoridades sanitárias o controle do mosquito e a divulgação do número de casos na sua cidade.

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No Olá, Ciência!, canal de divulgação científica no YouTube, revelamos como nossos gestores estão negligenciando essas informações na nossa série de vídeos “Soluções para o Brasil”. E o resultado disso nós já sabemos.

O chikungunya chegou para ficar. Mas conhecer o inimigo e saber dos seus perigos é o primeiro passo para superá-lo. Vamos deixar esse inquilino indesejado mandar no condomínio ou vamos nos organizar para expulsá-lo de vez?

*Lucas Zanandrez é biomédico e mestre em Inovação Tecnológica e Propriedade Intelectual pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). É diretor e comunicador científico na Olá, Ciência!, produtora de conteúdo audiovisual com foco em saúde e divulgação científica.

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