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Burocracia no sistema de saúde prejudica paciente com câncer de mama

A dificuldade em conseguir um pedido médico para o exame de mamografia aumenta as estatísticas de morte por câncer de mama

Por Maira Caleffi, mastologista*
10 out 2022, 15h23

O rastreamento mamográfico do câncer de mama é bastante eficaz como política de saúde preventiva. Há, em geral, uma redução de 30% nas taxas de mortalidade somente com a implementação de programas de mamografia de rastreamento. Países como Suécia, Inglaterra e Canadá publicaram essas estatísticas há mais de 30 anos, e os resultados positivos se comprovam ao longo dos anos.

Porém, importante notar que estamos falando em programas, e não apenas em recomendações, como o que acontece no Brasil.

Um programa significa proporcionar um nível de monitoramento amplo e personalizado, no qual se recomenda adotar a busca-ativa. Ela consiste em “convocar” o público-alvo para a realização do exame por meio de carta, e-mail, SMS ou WhatsApp, além de manter um sistema de coleta de dados do resultado do exame e encaminhamento para seguir a investigação no caso de lesões ou achados suspeitos ou inconclusivos (de acordo com a classificação de BIRADS, que obrigatoriamente deve aparecer nos laudos de mamografia).

A questão é que, no Brasil, com a gestão de recursos muitas vezes escassos e subfinanciamento do SUS, a prevenção e o rastreamento ficam sempre em último plano.

Voltando ao tema principal: um programa de saúde pública requer níveis de atenção que permitam um melhor acompanhamento do paciente, o que passa pela necessidade de maior capacidade de comunicação entre os sistemas de informação disponíveis na saúde pública.

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Os malefícios da burocracia

São muitos os gargalos com relação ao controle do câncer de mama no Brasil, porém, um deles é especialmente prejudicial: a burocracia que envolve o pedido de mamografia.

Esse processo que envolve fazer a mamografia e ter o resultado pode demorar meses, tornando-se tão moroso e trabalhoso que muitas mulheres desistem dele antes mesmo de conseguir um diagnóstico.

O ideal seria garantir a consulta e o pedido médico para o exame sempre que a paciente, dependendo da idade, procurar o posto de saúde. Isso é rastreamento: ou seja, examinar mulheres que não apresentam sintomas ou sinais, e sim determinada idade e história familiar de câncer.

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Porém, essa situação está longe de ser uma realidade. Em boa parte dos casos, o médico que atende a paciente precisa encaminhá-la para outro atendimento, dessa vez com um ginecologista. É ele quem deve solicitar o exame – e isso por meio de um formulário considerado complexo, chamado Sismama.

O preenchimento envolve muitas e muitas perguntas e nem sempre os profissionais estão familiarizados com essa documentação, ou o sistema não está disponível no momento.

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Se o objetivo é conquistar maior adesão das mulheres para o diagnóstico precoce, a solução é desburocratizar o acesso ao exame, evitando processos longos e complicados. Só assim teremos ações efetivas de rastreamento do câncer de mama.

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Evidências apontam que é necessária a adesão mínima de 60% do público-alvo em ações de saúde para que uma campanha seja efetiva. No Brasil, de acordo com pesquisas recentes, a porcentagem de mulheres que faz a mamografia não ultrapassa os 35%.

Algumas secretarias municipais dizem que sobram mamografias disponíveis na rede de atenção, sugerindo que as mulheres não vão atrás do exame. Por outro lado, as pacientes se queixam da demora e de quantos dias de trabalho precisam “perder” para conseguir fazer o procedimento.

A importância do diagnóstico precoce

Uma vez que se consegue realizar a mamografia, a paciente precisa buscar o resultado presencialmente e, então, deve retornar ao médico para aguardar as próximas orientações.

Não há, por exemplo, um sistema de sinal de alerta, no qual o exame que sinalizar uma suspeita (BIRADS 4 ou 5) possibilite que a paciente seja prioridade para os atendimentos posteriores.

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Todas essas dificuldades transformam um exame, que deveria ser de rotina, em uma trajetória hercúlea.

Há muitas propostas para que as políticas públicas evoluam na condução dos casos de câncer de mama. Porém, se o acesso à mamografia fosse facilitado, é provável que um número maior de mulheres tivesse a oportunidade de controlar a evolução da doença, já que é tempo-dependente.

O câncer de mama tem 95% de chances de cura quando diagnosticado inicialmente, porém, essa porcentagem é reduzida drasticamente quando o tumor está em estágio avançado.

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Portanto, a Federação Brasileira de Instituições Filantrópicas de Apoio à Saúde da Mama (FEMAMA) empenha-se em encorajar o diagnóstico precoce e estimular o letramento sobre câncer de mama.

Para o Outubro Rosa deste ano, FEMAMA propõe três perguntas que salvam. Elas são: sabia que descobrir antes aumenta as chances de cura? Você conhece os tratamentos para cada tipo de câncer? Você conhece os avanços da ciência contra o câncer de mama?

As respostas adequadas, que podem ser encontradas no site da FEMAMA, quebram o tabu em falar sobre o assunto, trazem informações de qualidade e mostram que a evolução dos tratamentos pode trazer prognóstico bem mais promissores.

Mas é preciso protagonismo na busca pelo diagnóstico e na adesão ao tratamento, o que só é possível mediante o letramento sobre a doença.

*Maira Caleffi é mastologista, chefe do Serviço de Mastologia do Hospital Moinhos de Vento, Coordenadora do Núcleo da Mama e do Programa de Residência Médica Mastologia do mesmo hospital. Presidente voluntária da Federação Brasileira Instituições Filantrópicas de Apoio à Saúde da Mama (FEMAMA).

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