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AVC em jovens: por que acontece e quais os sintomas?

Caso da cantora Karen Silva mostra que o derrame não escolhe idade, gênero ou etapa da vida

Por Sheila Martins, neurologista*
24 abr 2025, 16h14
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Cantora Karen Silva foi vítima de um AVC aos 17 anos de idade  (Instagram/Reprodução)
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A notícia da morte da jovem cantora Karen Silva, aos 17 anos, conhecida nacionalmente por participar do The Voice Kids em 2020, surpreendeu a todos e causou comoção. Vítima de um acidente vascular cerebral (AVC) hemorrágico, sua partida precoce choca não apenas pela tragédia pessoal, mas porque escancara uma realidade que muitos desconhecem: o AVC também atinge jovens.

O AVC, tradicionalmente associado a idosos, tem se tornado uma preocupação crescente entre populações mais jovens. Isto é alarmante, não apenas pela idade dos afetados, mas também pelas implicações profundas para indivíduos, famílias e sistemas de saúde globalmente.

Em 2021, mais de 3 bilhões de pessoas conviviam com alguma condição neurológica, tornando-se a principal causa de doença e incapacidade no mundo.

O AVC destacou-se como a maior causa de anos de vida perdidos ajustados por incapacidade (DALYs), representando 84% da carga global das doenças neurológicas do Estudo Global de Carga de Doenças (Global Burden of Diseases).

+Leia também: AVC: um desafio global e urgente para o futuro da saúde

As causas de AVC em jovens

Ainda hoje, o acidente vascular cerebral é visto como uma doença de idosos. De fato, a maioria dos casos ocorre em pessoas acima dos 60 anos, mas cerca de 18% da incidência afeta a faixa etária de 18 a 45 anos. Jovens, adolescentes e até mesmo crianças não estão imunes.

Nos últimos anos, temos observado um aumento preocupante nos casos de AVC entre os mais jovens, impulsionado por fatores como hipertensão precoce, obesidade, diabetes, tabagismo, sedentarismo, além de condições genéticas e doenças autoimunes.

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No caso do AVC hemorrágico — como o que acometeu Karen —, o que ocorre é o rompimento de um vaso sanguíneo no cérebro, o que leva a um sangramento interno que pode ser fatal.

Embora esse tipo represente uma parcela menor dos AVCs, é geralmente mais grave, e sua evolução pode ser extremamente rápida. A causa mais comum de AVC hemorrágico é a hipertensão não tratada.

Em jovens, pode ocorrer devido a outras causas, como anomalias estruturais, incluindo malformações arteriovenosas ou aneurismas. Outro tipo de AVC é o isquêmico, que ocorre quando falta sangue em alguma área do cérebro e que corresponde entre 80% e 85% dos casos.

Quais são os sintomas de um AVC?

O que muitas pessoas não sabem é que os sintomas de um AVC podem ser facilmente reconhecidos — e a rapidez na resposta faz toda a diferença: a cada minuto em que o AVC isquêmico não é tratado, por exemplo, a pessoa perde 1,9 milhão de neurônios.

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Entre os sinais estão:

  • Dormência em um dos lados do corpo;
  • Dificuldade para falar;
  • Visão turva;
  • Perda de equilíbrio ou coordenação;
  • Dor de cabeça súbita e muito intensa, acompanhada ou não de náuseas e vômitos.

Ao suspeitar que uma pessoa esteja tendo um AVC, peça para ela sorria e veja se um lado do rosto não mexe. Verifique também se a pessoa consegue elevar os dois braços como se fosse abraçar, ou se um membro não se move e se apresenta fala enrolada.

Ao perceber algo errado, o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU192) precisa ser imediatamente acionado.

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Sintomas em jovens podem confundir

O acesso ao tratamento para jovens apresenta desafios únicos, que podem impactar significativamente sua recuperação e saúde a longo prazo. Eles frequentemente enfrentam atrasos para receber o cuidado apropriado devido a diagnósticos incorretos.

Os sintomas de AVC nessa população são frequentemente confundidos com outras doenças menos graves, como enxaquecas, intoxicação por substâncias ou fadiga geral. Profissionais de saúde que os atendem não costumam suspeitar do quadro.

O conhecimento salva vidas e é por isso que é tão urgente desmistificar a ideia de que o AVC é uma condição exclusiva de idosos. O AVC não escolhe idade, gênero ou fase da vida.

Ele pode atingir qualquer pessoa, e por isso, reconhecer os sinais e compreender os riscos é essencial para a prevenção e o cuidado de todas as gerações.

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*Sheila Martins, neurologista, pesquisadora brasileira, presidente da Rede Brasil AVC, ex-presidente da World Stroke Organization e uma das coordenadoras da Global Stroke Action Coalition

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