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Uma grande metrópole dentro da sua barriga

O médico italiano Antonio Gasbarrini, um dos maiores experts em flora intestinal, acredita que o conhecimento a respeito dela deflagrará, uma revolução

Por André Biernath
Atualizado em 15 set 2017, 14h47 - Publicado em 16 ago 2016, 10h57

Entrevistamos Antonio Gasbarrini, gastroenterologista e professor da Universidade Católica do Sagrado Coração, na Itália. Ele possui mais de 800 artigos publicados sobre o fascinante ecossistema intestinal.

Por que tantos micro-organismos escolhem nosso intestino como lar?

A razão é bem simples: todos os dias o intestino recebe boas porções de comida e água. Ele é um órgão grande, com mais de 9 metros de comprimento, com muito espaço para ser habitado. Além disso, em determinados trechos, não há oxigênio nem luz, características desejáveis para as bactérias anaeróbias, que surgiram na Terra há mais de 4 bilhões de anos, quando não existia atmosfera. Se levarmos em conta que o ser humano tem alguns milhares de anos, seríamos o “lado de fora” desse mundo microscópico.

E essas bactérias vivem pacificamente dentro da gente?

Vamos imaginar nosso intestino como uma metrópole. Para que um município funcione, precisamos de engenheiros, médicos, faxineiros, políticos… Todas essas funções são necessárias. Agora, considere uma cidade que só possui engenheiros. Não vai dar certo. Podemos dizer o mesmo sobre a microbiota intestinal. Ela é feita de uma série de espécies que vivem juntas, em equilíbrio, e interagem com o nosso organismo.

Como a microbiota influencia a saúde?

Ela se relaciona com o sistema imunológico e metabólico, além de funcionar como uma barreira que impede a passagem de micróbios ruins para o resto do corpo. Já se sabe também que a flora libera substâncias que influenciam o nosso comportamento. É por isso que hoje se estuda muito sua relação com doenças psiquiátricas, como transtornos de ansiedade, depressão e autismo.

 

Essas doenças tendem a surgir quando a flora intestinal está desequilibrada?

As bactérias boas controlam as ruins. Só que, em algumas situações, como o uso indiscriminado de antibióticos, os agentes maléficos tomam conta da região. A dificuldade está em considerar diversas variáveis, como as características dos micro-organismos e de nosso DNA. Mas precisamos persistir e avançar, pois já sabemos que a microbiota tem um papel em praticamente todos os distúrbios do corpo humano.

Por que aumentou tanto o interesse por essa área nos últimos tempos?

O principal motivo é que temos muita coisa a descobrir. Começamos a entender melhor a formação da microbiota, que se inicia ao nascermos e fica pronta aos 2 ou 3 anos de idade. Outra coisa interessante é o papel de outros agentes, como os vírus, no surgimento de condições como a colite ulcerativa. Nós precisamos investigar não só as bactérias mas também os vírus, os helmintos [vermes] e os protozoários que habitam o intestino. Estamos, com essas novas informações, mudando totalmente noções estabelecidas há anos sobre a nossa saúde.

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