Quando o bebê fica irritado, ela tende a sacar o polegar a qualquer custo
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Levar tudo o que encontra à boca é uma maneira de o bebê desvendar o mundo a seu redor. “A via oral é a única ferramenta de que o recém-nascido dispõe para explorar o desconhecido. Isso inclui partes do corpo, como os dedos“, explica a fonoaudióloga Irene Marchesan, de São Paulo. Mas, se o hábito persistir por anos a fio, aí é problema na certa, algo também válido para o uso de chupetas e mamadeiras.
Uma pesquisa realizada pela Universidade de Washington, nos Estados Unidos, mostra que tanto o dedo quanto esses utensílios alteram o desenvolvimento dos ossos do rosto infantil e atrasam a habilidade de falar. Os pesquisadores chegaram a essa conclusão depois de analisarem os dados de 128 crianças chilenas entre 3 e 5 anos de idade.
“A mamadeira favorece um tipo de cárie muito potente, que destrói os dentes. Já a chupeta e o dedo interferem no posicionamento da arcada dentária, além de deslocarem as estruturas ósseas da boca”, esclarece a cirurgiã-dentista Márcia Vasconcelos. Pior, esse cenário predispõe à respiração bucal, já que a boca se molda em função dos aparatos.
Não bastasse tudo isso, as primeiras palavras podem ser prejudicadas. “Essas alternativas de sucção impedem que o pequeno use corretamente os músculos do rosto, o que deixa a musculatura da região flácida”, alerta a psicóloga Ana Carolina Peuker. E, além de demorarem mais para soltar o verbo, garotos e garotas nessa situação passam a projetar a língua para a frente, o que compromete a pronúncia das sílabas. Felizmente, isso tudo pode ser evitado. Basta intervir desde cedo.
Mas… levante a mão o pai ou a mãe que nunca apelaram para a mamadeira ou para a chupeta quando o filho abriu o berreiro. É difícil dispensar esses apetrechos. Depois de amamentar por seis meses, a melhor opção seria passar direto para o copo – o bebê vai errar algumas vezes, mas aprende rápido – ou a colher. Mas se não tem jeito, a saída é usar chupetas e afins, mas lembre-se de abandoná-los no máximo aos 2 anos de idade. Até esse limiar, prefira oferecê-los à noite, antes de dormir. No caso da chupeta, retire-a do berço assim que o bebê adormecer. Alguns truques, como ocupar a mão da garotada com brinquedos, ajudam. E, não custa repetir, se a criança foi amamentada por no mínimo seis meses, ela terá uma necessidade fisiológica menor de sucção, seja do dedo, da chupeta, seja de qualquer outro objeto.
Ansiedade além da conta
“O bebê vem ao mundo com o reflexo de Babkin, que o faz levar a mão à boca na tentativa de se acalmar”, explica a psicóloga Ana Carolina Peuker. Por isso, em casos isolados, sugar o polegar não pode ser considerado um hábito propriamente dito. Obrigar a criança a tirar o dedo da boca de pronto faz com que a ansiedade só aumente. Quando fica irritada, ela tende a sacar o polegar a qualquer custo. Então, é preciso agir com calma e não tumultuar a vida do pequeno para evitar que chupar o dedo se torne uma rotina.
Chupeta nunca mais
Truques para evitar que a criança se torne refém desse e de outros apetrechos:
· Amamentar o bebê até os 6 meses de vida diminui a necessidade de sucção
· Troque a mamadeira tradicional por copos específicos
· Use a mamadeira apenas para a última refeição do dia
· Ocupe a mão dos pequenos com um brinquedo
· Retire a chupeta logo após a criança adormecer
· Não a prenda na roupa
· Tenha apenas uma em casa
Fonte: Lais Graci dos Santos Bueno, da Sociedade Brasileira de Pediatria