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Um aplicativo tão eficaz quanto anticoncepcionais comuns?

O programa, chamado de Natural Cycles, é o primeiro do mundo a ser certificado como método contraceptivo

Por Pâmela Carbonari (da Superinteressante)
Atualizado em 8 dez 2017, 13h46 - Publicado em 22 fev 2017, 11h01
anticoncepcional
O software é o primeiro a ser encarado como um método contraceptivo (Foto: Dercilio/)
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Quando as primeiras pílulas anticoncepcionais foram lançadas na década de 1960, sua chegada no mercado significou uma revolução nos hábitos sexuais – e foi um grande passo rumo à emancipação das mulheres no mundo ocidental.

Agora, quase 60 anos depois, surge o Natural Cycles, um método inovador como uma saída à contracepção hormonal instigando as mulheres a tomarem conhecimento sobre seus próprios corpos. Trata-se de um aplicativo que monitora com algoritmos a taxa de fertilidade feminina, sem intervenção de hormônios ou dispositivos no organismo.

Na prática, funciona quase como uma tabelinha 2.0: todos os dias a usuária mede sua temperatura com um termômetro basal colocado debaixo da língua e registra no app para que o algoritmo calcule seu ciclo menstrual e suas possíveis variações. A temperatura é crucial para visualizar em que fase do ciclo a mulher está.

Por exemplo: depois da ovulação, o aumento dos níveis de progesterona faz com que o corpo da mulher fique 0.45ºC mais quente. O calor também interfere na taxa de sobrevivência dos espermas, nas alterações no ciclo e, consequentemente, nos picos de fertilidade. É o resultado desse cálculo que determina como o aplicativo vai alertá-la: com um cartão vermelho sobre a necessidade de proteção nos dias em que ela estará mais fértil, ou verde quando não há risco de fecundação ao transar desprotegida (o sistema não protege contra DSTs).

Mas é justamente por lidar com informações tão precisas e pessoais que é bastante reducionista dizer que o Natural Cycles funcione como uma tabelinha. Ao contrário do método adotado pelas nossas bisavós, o app respeita o fato de que nem todas as mulheres têm ciclos regulares de 28 dias, e calcula os avisos partindo do princípio de que seja possível engravidar em apenas 6 dias por mês.

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Essa adaptação ao calendário de cada mulher aumenta os acertos de quais dias a usuária corre o risco de ficar grávida ou não. Aliás, se usado corretamente, o Natural Cycles seria um método mais seguro que a camisinha e com taxas de eficácia semelhantes à pílula – em testes realizados com mil mulheres, menos de cinco engravidaram após o sistema ter mostrado “cartões verdes” em dias férteis.

As taxas de eficácia do algoritmo desenvolvido pela física nuclear suíça Elina Berglund e seu marido Raoul Scherwizl chamaram a atenção dos órgãos de saúde. A organização de inspeção e certificação alemã Tüv Süd testou clinicamente o Natural Cycles em dois estudos com mais de 4 mil mulheres – e acaba de classificá-lo como um método de contracepção confiável na categoria médica, podendo ser prescrito pelo National Health Service, do Reino Unido, assim como acontece com preservativos, implantes e pílulas. O aplicativo é o primeiro software do mundo a ser oficialmente certificado por autoridades de saúde.

Leia também: App para perder peso funcionam?

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“É muito empolgante que agora exista uma alternativa comprovada às formas convencionais de evitar a gravidez, e que seja possível substituir medicamentos por tecnologia”, afirmou a fundadora Elina Berglund, em entrevista ao site Business Insider. À revista Wired, Berglund conta que criou o aplicativo porque queria que seu corpo ficasse um tempo sem pílula. “Mas eu não encontrava boas formas naturais de controle de natalidade, então desenvolvi um aplicativo para mim mesma.”

O Natural Cycles já tem 150 mil usuárias em 161 países. É possível testá-lo gratuitamente por um mês, e o pacote anual custa US$ 4,20 mensais com o termômetro basal incluso.

Vale lembrar que o aplicativo é totalmente voltado para controle de natalidade. Apenas o uso de preservativo feminino ou masculino previne a transmissão de doenças venéreas.

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Este conteúdo foi publicado originalmente no site da Superinteressante.

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