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Síndrome de Guillain-Barré: o que é e a relação com a vacina da Janssen

Essa doença pode ocorrer após quadros de infecção, mas é considerada rara. Recentemente, o quadro foi incluído na bula da vacina da Janssen. Saiba mais

Por Fabiana Schiavon
Atualizado em 22 jul 2021, 11h24 - Publicado em 21 jul 2021, 19h15

A síndrome de Guillain-Barré passou a ser noticiada em todo o mundo após ser incluída entre as possíveis reações adversas na bula da vacina da Janssen contra o coronavírus. Mas já cabe frisar: o quadro, que é associado à ocorrência de infecções, como a provocada pelo vírus da gripe ou o zika, é raro.

“Cada nervo tem uma fita isolante protetora, a bainha de mielina. Em uma situação de infecção, ela pode ficar exposta, como um fio desencapado. Aí, os anticorpos que lutariam contra os vírus também atacam os nervos”, ensina a professora de neurologia Arlete Hilbig, da Universidade Federal de Ciências de Porto Alegre (UFCSPA).

“A síndrome ocorre quando há distúrbios capazes de mexer com as defesas do organismo”, resume Francisco de Assis Gondim, ex-coordenador do Departamento Científico de Neuropatias Periféricas da Academia Brasileira de Neurologia (Abneuro).

A doença acomete diversas raízes nervosas do corpo e é aguda, porque ocorre de uma hora para a outra, segundo Arlete. Fraqueza muscular e paralisia nos membros estão entre as consequências desse ataque aos nervos. No entanto, a maior parte das pessoas se recupera do problema.

“Não há estudos que associem a própria infecção pelo coronavírus à essa síndrome, embora alguns casos tenham ocorrido. No entanto, é muito mais arriscado desenvolver um quadro grave de Covid-19 do que apresentar uma reação adversa à vacina”, frisa Arlete. Ou seja, não faz sentido ter medo de receber o imunizante.

A empresa Jonhson & Johnson passou a colocar a síndrome de Guillain-Barré na bula após o Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), nos Estados Unidos, relatar que 100 pessoas desenvolveram a doença entre 12,5 milhões de vacinados com o imunizante. Como se vê, a incidência é muito baixa. E, na verdade, esses casos ainda não foram comprovadamente ligados à picada. Mexer na bula representa uma atitude preventiva.

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Essa não é a primeira vez que se considera uma relação entre a síndrome e a aplicação de vacinas, como a da gripe. Mas, de acordo com a Sociedade Brasileira de Imunizações, desde 1976 são conduzidos muitos estudos sobre o tema, mas nenhum cravou que a associação existe.

Sintomas, evolução e tratamento

Os primeiros sintomas da síndrome de Guillain-Barré podem ser formigamento nas pernas e depois perda de força nas extremidades. “Essa sensação vai em direção ao tronco e pode chegar à musculatura da face, dificultando a ação de engolir, já que a garganta é feita de músculos. Também há possibilidade de atingir o sistema respiratório”, descreve Arlete.

Quando a doença evolui dessa maneira, a pessoa precisa ser acompanhada na UTI, onde contará com a ajuda de um respirador para se manter bem até o distúrbio ser resolvido. A fisioterapia também é um dos tratamentos de suporte para quem passa pela doença.

Em casos mais graves, procedimentos como a plasmaférese também são indicados. Trata-se de um processo de filtração do sangue que “limpa” os anticorpos que estão atacando os nervos. “A recuperação pode ser total ou deixar algumas sequelas”, informa Arlete. Agora, quando o quadro é leve, muitas vezes os músculos reagem sem a ajuda de nenhum tipo de tratamento.

Não há consenso, ainda, sobre quanto tempo leva para esses sintomas aparecerem após uma infecção, mas fala-se entre duas semanas a um mês.

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O diagnóstico pode ser feito pelo médico a partir da observação do indivíduo. Se o especialista julgar necessário, há a coleta do líquor, um líquido retirado da espinha dorsal, e a realização de exames de imagem.

Qual a frequência da doença?

A síndrome é considerada rara, pois acomete uma ou duas pessoas em um universo de 100 000 indivíduos, segundo artigo da revista Nature publicado em novembro de 2019. De acordo com o FDA, a agência reguladora de medicamentos nos Estados Unidos, ocorrem de 3 mil a 6 mil casos todos os anos em território norte-americano.

Não existem dados específicos no Brasil, apenas observações isoladas. “Em São Paulo, um estudo conduzido no Hospital Santa Marcelina apontou uma taxa de incidência do quadro de 0,6 a cada 100 000 pessoas. Apesar de ser um dado pequeno, tirado de um hospital, é semelhante à prevalência mundial”, relata Gondim.

Há alguns anos, quando houve um surto de zika no Brasil, notou-se uma alta de casos nas regiões mais afetadas por essa infecção, como o Nordeste do país. A primeira associação entre a síndrome e o zika foi feita em 2013 em um estudo na Polinésia Francesa: quase todos os indíviduos pesquisados que desenvolveram a Guillain-Barré haviam sido infectados por esse agente infeccioso.

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