A poliomielite é a única “Emergência de Saúde Pública de Interesse Internacional” vigente no momento. A OMS declarou o status em 2014, quando o vírus voltou a se espalhar depois de quase ter sido erradicado.
Conheça a doença:
O poliovírus
A ciência conhece três tipos do vírus selvagem, 1, 2 e 3. Eles circulam há séculos, mas só foram identificados propriamente no início do século 20. Os dois primeiros já foram erradicados (não há mais casos em seres humanos).
O terceiro continua em circulação em alguns países e é um dos mais associados à paralisia infantil. O patógeno tem como reservatório o intestino do homem.
A transmissão oral-fecal
O poliovírus se dissemina pelo contato com alimentos, objetos e água contaminados com resíduos de fezes de infectados.
Por isso, áreas de saneamento básico precário são mais vulneráveis.
Outro fator que dificulta sua erradicação é que ele pode persistir por seis semanas nas fezes, mesmo que a pessoa não tenha sintomas — e a grande maioria dos casos é assintomática.
A infecção
O tempo de incubação do vírus pode chegar a um mês, mas em geral fica entre sete e 12 dias.
Como ele entra pela boca e vai se multiplicando por onde passa, os primeiros sintomas se assemelham a um quadro respiratório: dor de cabeça e garganta, febre, mal-estar generalizado…
Depois, aparecem vômito e diarreia ou, pelo contrário, intestino preso. Podem ainda ocorrer espamos e rigidez na nuca.
+ Leia também: Estamos mesmo livres da poliomielite?
A gravidade
O principal problema da poliomielite é que o vírus consegue chegar ao sistema nervoso central. Lá, pode provocar meningite (inflamação nas membranas que protegem os nervos) e uma paralisia irreversível, que acomete os membros, em especial as pernas, e ameaça ainda as estruturas responsáveis pela respiração, podendo levar à morte.
Uma em cada 200 infecções resulta em paralisia.
Pólio em números
A situação no Brasil
O país está em alto risco para a reintrodução da pólio, segundo as autoridades de saúde.
Tudo porque a cobertura vacinal está baixa, na casa dos 70%, sendo que a meta é 95%. Em algumas regiões, o número é ainda menor, em especial nos estados do Norte, que fazem fronteira com países também pouco vacinados.
Em março de 2023, um caso de pólio foi detectado no Peru.
+ Leia também: A batalha pela vacinação
O vírus derivado das gotinhas
O vírus atenuado da vacina oral pode sofrer mutações no ambiente depois de sair pelas fezes dos imunizados, podendo tornar-se patogênico e causar a doença. Só que isso é raro e ocorre geralmente em locais com baixa cobertura vacinal.
A recomendação da Organização Mundial da Saúde (OMS) é usar a vacina inativada (injetável) sempre que possível, mas não deixar de tomar a gotinha se ela for a única opção.
A vacina da pólio
Fonte: Raquel Xavier de Souza Saito, enfermeira da Unidade de Vigilância em Saúde do município de São Paulo e coordenadora do curso de Pós-Graduação em Saúde da Família da Faculdade Santa Marcelina (SP)