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O que causa arritmia em jovens atletas, como ocorreu com o jogador Izquierdo

Condição tem diferentes graus de severidade e nem sempre causa um mal súbito

Por Chloé Pinheiro
Atualizado em 27 ago 2024, 13h12 - Publicado em 23 ago 2024, 16h47
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O jogador Juan Izquierdo atua pelo Clube Nacional do Uruguai (Instagram/Reprodução)
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O zagueiro Juan Izquierdo, do Nacional do Uruguai, está internado no Hospital Albert Einstein após ter um mal súbito durante o jogo contra o São Paulo na noite do dia 22, pelas oitavas de final da Copa Libertadores da América. Segundo seu clube, ele teve uma arritmia cardíaca.

A cena chamou a atenção. Nas imagens, o jogador, de 27 anos de idade, cambaleia para trás e parece cair desacordado. Ele foi retirado rapidamente de ambulância e se encontra na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do hospital.

Ele está sedado, mas seu estado é estável e ele ficará em observação por mais três dias, o período mínimo recomendado nestes casos, informa o Nacional.

O que é a arritmia cardíaca

Qualquer alteração no ritmo cardíaco recebe esse nome. Ela pode acontecer tanto acelerando o coração (taquicardia) quanto diminuindo seu ritmo (bradicardia). Há diversos tipos de arritmia e nem todos são graves.

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Algumas são causadas por doenças no próprio coração, outras são sintoma de condições sistêmicas. Na arritmia mais frequente, a fibrilação atrial, ocorre um erro na condução dos estímulos elétricos que comandam os batimentos. O resultado é que, em vez de contrair e relaxar, o músculo cardíaco fica tremendo.

Em algumas situações, o problema compromete a chegada de sangue para o corpo. São esses casos mais extremos que podem levar ao desmaio, como aconteceu com o jogador uruguaio. E, em ultima instância, há o risco de uma morte súbita.

Mas é raro que isso aconteça. “A grande maioria das arritmias é benigna e é tratável, seja com mudanças no estilo de vida, intervenções ou medicamentos, e a pessoa tem uma vida normal”, explica Guilherme Fenelon, cardiologista do Hospital Israelita Albert Einstein.

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+ Leia tambémFibrilação atrial: entenda os riscos da arritmia que afeta o técnico Tite

Arritmias em atletas jovens

As principais causas de arritmia abaixo dos 35 anos são doenças cardíacas estruturais, como a miocardite, a cardiomiopatia hipetrófica, as insuficiências de válvula e as estenoses. “Só 2% dos casos são os que chamamos de causas arrítmicas, ou seja, problemas na condução elétrica do músculo”, aponta Fábio Botenho, cardiologista do Hospital Sírio-Libanês em Brasília.

Neste pequeno grupo, estão a própria fibrilação atrial e as duas arritmias que mais causam mortes em atletas: taquicardia ventricular e fibrilação ventricular.

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Essas doenças podem passar despercebidas nos exames regulares aos quais os atletas se submetem. “Alguns têm propensão mas não demonstram, até que um gatilho desencadeie o quadro, como o estresse, a hipertermia (aumento da temperatura do corpo) e o uso de medicamentos”, comenta Botenho.

+ Leia também: Por que desmaiamos?

Sintomas da arritmia

As palpitações são o mais clássico e, embora não representem sempre uma arritmia, podem ser um sinal para procurar o médico. Além disso, pode haver queda de pressão, fadiga, enjoo, vertigem e falta de ar.

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Arritmia causa desmaio?

O desmaio, como ocorreu com Izquierdo, acontece quando falta oxigênio para o cérebro e é um sintoma de arritmia — ora, se o coração não bate como deveria, o abastecimento de sangue para o corpo pode ser prejudicado.

Nem sempre a síncope é sinal de um problema grave, mas sempre é preciso investigar. “Todo desmaio deve ser analisado, pois pode ser causado por algo simples, como uma hipoglicemia, mas também por uma arritmia perigosa”, comenta Botenho. 

Se for o caso, há o risco iminente de morte súbita. E o tempo é precioso. “O atendimento precisa ser muito rápido, porque, a cada minuto sem atendimento, se perde 10% das chances de sobrevivência”, pontua o especialista de Brasília.

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Felizmente, é muito raro que isso ocorra — estima-se que as arritmias graves afetem 4 em cada milhão de atletas — e um incidente do tipo não é sentença de morte. “Há vários tratamentos que podem evitar que esse fenômeno se repita”, complementa Fenelon. 

+ Leia tambémParada cardíaca x ataque cardíaco: eles não são a mesma coisa

Como é feito o tratamento

Depende muito da origem de arritmia. Se for uma doença sistêmica, será preciso tratá-la. Em geral, os médicos podem prescrever também medicamentos antiarrítmicos.

Pode, ainda, ser necessário usar realizar um procedimento para corrigir o problema — seja consertando a estrutura cardíaca com problemas, seja inserindo um marca-passo do tipo desfribilador. “Neste caso, frente a uma alteração significativa do ritmo cardíaco, o dispositivo emite um choque ressuscitador”, conta Fenelon.

Ainda não há mais informações sobre as causas da arritmia de Izquierdo.

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