Assine VEJA SAÚDE por R$2,00/semana
Continua após publicidade

Estudo discute caminhos para evitar novas pandemias como a do coronavírus

Para os cientistas americanos, uma das atitudes mais importantes é investir na preservação de florestas tropicais

Por Chloé Pinheiro
Atualizado em 23 fev 2021, 18h16 - Publicado em 30 jul 2020, 18h54

Até agora, o gasto mundial para conter os danos da Covid-19 está na casa dos U$2,6 trilhões, valor que pode aumentar em até 10 vezes. Por outro lado, U$30 bilhões ao ano seriam suficientes para evitar que uma nova pandemia como a do coronavírus dê as caras de surpresa, causando estragos irreparáveis na saúde e na economia.

Essa é a conta de pesquisadores da Universidade de Princeton, uma das mais prestigiadas do Estados Unidos, publicada em artigo no periódico Science. O trabalho foi realizado em conjunto por economistas, biólogos, epidemiologistas e outros especialistas em conservação ambiental.

O grupo afirma que a destruição das florestas tropicais e o comércio de animais selvagens são dois dos fatores que mais contribuem para o surgimento de patógenos com potencial epidêmico. Nos últimos anos, eles favoreceram, por exemplo, o aparecimento do HIV e do ebola. Agora, veio a Covid-19.

Isso porque a cada dois ou quatro anos, argumentam os autores, um vírus restrito aos animais “pula” para os humanos. Eventos do tipo andam mais comuns em decorrência do desmatamento, que diminui o hábitat natural de uma série de espécies capazes de transmitir esses micro-organismos aos humanos.

Nem sempre a descoberta de um novo micro-organismo resultará necessariamente em uma pandemia. Mas a preservação do meio ambiente, o monitoramento constante de animais criados em fazendas (como porcos e bois) e a limitação do consumo e da venda de animais selvagens poderiam minimizar esse contato com novos vírus e ajudar a detectar precocemente ameaças como o Sars-CoV-2.

Continua após a publicidade

Tais intervenções custariam a todas as nações somadas um investimento entre U$20 e U$30 bilhões de dólares, calcula o artigo. Como comparação, este número equivale a 1 ou 2% do orçamento militar dos dez países mais ricos do mundo.

O comércio de animais selvagens

Todas as evidências apontam, até o momento, que o Sars-CoV-2 surgiu de uma espécie de morcego vendida para consumo humano na cidade de Wuhan, na China. Esse fato deu origem a um monte de atitudes preconceituosas, mas a verdade é que muitas pessoas dependem desse comércio para viver e se alimentar, pontuam os cientistas.

A solução, na visão dos pesquisadores, seria regular melhor a venda dos animais selvagens em comunidades que se sustentam assim, além de impedir e punir legalmente a negociação de certas espécies como artigos de luxo e para criação em cativeiros ocidentais.

Cerca de U0 milhões bastariam para isso. Eles deveriam ser investidos no treinamento de pessoas para manuseio dos animais, na detecção precoce de possíveis novos patógenos e na fiscalização ostensiva de vigilância sanitária em toda cadeia de produção desse tipo de carne – da caça à venda nos mercados.

Continua após a publicidade

Para ter ideia, a Convenção sobre Comércio Internacional de Espécies Selvagens Ameaçadas da Fauna e Flora (Cites, na sigla em inglês), organização internacional responsável por essa vigilância, conta agora com um orçamento de apenas U$6 milhões ao ano.

Protegendo as florestas

A conservação das florestas protege tanto a vida selvagem quanto a população humana, já que reduz o risco de contato com uma infinidade de vírus e bactérias ainda desconhecidos. Com o desmatamento, surgem mais áreas limítrofes, onde esses dois mundos passam a coexistir e, dessa maneira, a probabilidade do contato direto ou indireto (pela contaminação de um animal criado em uma fazenda, por exemplo) aumenta.

Fora isso, as mudanças climáticas, que tornam algumas áreas naturais inóspitas e alteram cadeias alimentares inteiras, podem forçar a migração de determinadas espécies para mais perto dos centros urbanos, o que também colabora na disseminação de novos patógenos.

Continua após a publicidade

Os pesquisadores de Princeton estimam que as taxas de desmatamento poderiam cair pela metade com investimentos entre U$1,5 e U$9 bilhões ao ano.

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 2,00/semana*

ou
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Veja Saúde impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 12,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.