Todos os anos, a dengue é motivo de preocupação para. O número de casos aumenta todos os verões, lotando prontos-socorros e setores de internação. Porém, em 2024, estamos tendo a pior epidemia de dengue da história do país.
Mesmo com o fim da estação mais quente, ainda vemos muitas cidades registrando novas infecções e pessoas sendo gravemente acometidas.
Podemos citar como fatores que contribuíram para chegarmos a esse ponto o calor excessivo e por período prolongado que estamos enfrentando, que avançou pelo outono e pelo inverno, além do foco, necessário, da saúde pública nas doenças respiratórias, devido à epidemia de Covid-19, deixando de lado políticas específicas de controle do mosquito transmissor da dengue.
A seguir, conheça mais sobre a doença.
Transmissão
A dengue é uma síndrome febril causada por um vírus, cuja transmissão se dá por meio da picada do mosquito Aedes aegypti. Não há transmissão de pessoa para pessoa.
Clique aqui para entrar em nosso canal no WhatsAppSintomas
O sintoma protagonista é a febre (temperatura maior ou igual a 37,8°C), que dura no máximo 7 dias. Associados a ela, podemos ter: dor de cabeça, dor nos olhos, no corpo, nas juntas, cansaço e mal-estar, manchas vermelhas no corpo que podem coçar, diarreia, náuseas ou vômitos.
Com o declínio da febre, entre o 3º e 7º dia de doença, devemos ficar atentos ao surgimento de sinais de alarme, que podem indicar evolução para a forma grave da doença.
Sinais de agravamento da dengue
São eles:
- Dor abdominal intensa
- Vômitos persistentes
- Sangramento de mucosas
- Desidratação e sensação de boca seca
- Palidez
- Sonolência excessiva
- Diminuição da temperatura do corpo
- Aumento dos hematócritos (porcentagem de hemácias)
Nos primeiros sinais de suspeita de dengue, tenha em mente que a imensa maioria dos casos é de dengue clássica, que não evoluirá para a dengue grave.
No caso de surgimento de qualquer dos indícios de alarme, deve-se procurar assistência médica imediatamente.
Tratamento
Não existe nenhum tratamento específico contra o vírus da dengue. O próprio sistema imunológico irá contê-lo com o passar dos dias. Mas para acelerar este processo, algumas medidas são bastante importantes:
- Hidratação abundante (em adultos, 80ml por quilo corporal por dia, iniciando o mais precocemente possível);
- Repouso
- Medicações para controle de sintomas (dipirona e paracetamol são permitidos, assim como medicamentos para náuseas e vômitos);
- Não usar o AAS, ou ácido acetilsalicílico, pois ele interfere no funcionamento das plaquetas, que já estão diminuídas na dengue.
Diagnóstico
Na prática, os exames que mais usamos para flagrar são:
- Antígeno viral (NS1) que deverá ser feito preferencialmente nos 3 primeiros dias de sintomas;
- Anticorpo da classe IgM, que só positiva após o 6ª dia de doença.
O hemograma apresenta algumas alterações típicas, como queda dos leucócitos e muitas vezes de plaquetas, entre outras que podem acontecer, como aumento das enzimas do fígado (TGO e TGP).
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Diagnóstico diferencial
Existem outros arbovírus (vírus transmitidos por artrópodes, como os mosquitos), que apresentam sintomas bem semelhantes aos da dengue, como zika e chikungunya, e é difícil distinguí-los com base na apresentação clínica.
Assim, o método mais adequado para diferenciá-los é o teste específico.
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Vacinação
Hoje temos disponível a vacina Qdenga, indicada para indivíduos sem comprometimentos dos sistema imune dos 4 aos 60 anos de idade.
Ela age contra os 4 sorotipos da dengue, e tem uma eficácia de 80% na prevenção da doença, desde que aplicadas as duas doses do imunizante.
Conhecer e evitar
Se uma febre surge associada a algum sintoma específico (como dor de garganta, sintomas respiratórios, vermelhidão ou dor localizada em apenas uma parte do corpo, dor para urinar, diarreia muito importante ou fezes com muco, pus ou sangue), não há uma suspeita de dengue e outras doenças deverão ser pesquisadas.
É essencial detectar o início dos sintomas o quanto antes e acertar o diagnóstico, para iniciar o quanto antes as medidas de hidratação adequada, além de ficarmos atentos a qualquer sinal de piora.
O mais importante, contudo, é combater o mosquito da dengue. Essa sim é a medida mais eficaz para acabar com essa doença!
* Ana Claudia Marcello é infectologista
(Este texto foi produzido em uma parceria exclusiva entre VEJA SAÚDE e Brazil Health)