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Carlos Eduardo Barra Couri é endocrinologista, pesquisador da USP de Ribeirão Preto e criador do Endodebate e do Diacordis. Aqui ele mapeia os cuidados e os avanços para o controle do diabetes
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100 anos de insulina: uma história sendo escrita sobre o diabetes

Em 1921, a insulina estreava no tratamento do diabetes, feito que rendeu prêmio Nobel, salvou milhões de vidas e ainda promete muitas inovações

Por Carlos Eduardo Barra Couri
1 mar 2021, 09h55

Estamos no início do século 20. Uma menina de 3 anos está urinando aos montes, tendo uma fome descomunal e, ainda assim, emagrecendo, além de apresentar fraqueza e visão turva. É um quadro clássico de diabetes, para o qual, naquela época, só haveria um desfecho: a morte. Era questão de tempo. Meses… Semanas… Quando muito, alguns anos.

Eis que, no fim de 1920, no Hospital Geral de Toronto, no Canadá, um cirurgião acompanhado de um estudante de medicina começa a realizar experimentos para desenvolver em laboratório a insulina, hormônio que o corpo produz para fazer a glicose ser usada pelas células — quando isso não ocorre, vem o diabetes. A história começaria a mudar.

O chefe daquele laboratório havia viajado de férias para a Escócia e, ao retornar, percebe os resultados surpreendentes da aplicação da insulina em animais. Ele capta o potencial dos estudos feitos pelos assistentes e recruta investimentos para a pesquisa seguir adiante.

Até que, em 1921, a equipe chega à tão almejada insulina e, no ano seguinte, já pode utilizá-la em seres humanos pela primeira vez. A história nunca mais seria a mesma.

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Os feitos daquela pioneira dupla de cientistas, Frederick Banting e Charles Best, se baseavam numa insulina de origem animal, pouco purificada, aplicada com seringas de vidro reutilizáveis e agulhas de metal grossas e compridas — nada agradáveis aos olhos e à pele. Mas já podiam salvar pessoas como nossa garotinha de 3 anos.

Com o passar das décadas, a ciência por trás da insulina avançou demais. Hoje podemos abrir mão de hormônios de origem animal e temos versões sintéticas feitas por engenharia genética. Dispomos de insulinas de ação rápida, ultrarrápida, lenta, ultralenta e até as que misturam esses tipos no mesmo frasco. As agulhas hoje são finíssimas e descartáveis.

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Seringas viraram canetas, e algumas delas já conversam com o smartphone, informando a dose aplicada e o horário em que isso foi feito. Agora temos versão inalável e bombas de insulina, que automaticamente calculam a dose a ser administrada durante o sono ou as refeições. Quanta evolução!

Mas o que falta hoje? Apesar de tanta tecnologia, carecemos de informação e conscientização sobre o diabetes. Em 2020, fui curador de uma pesquisa da Editora Abril com 1 300 pacientes que usam insulina e familiares. Descobrimos que existem falhas críticas de conhecimento e adesão em relação a armazenamento, horário correto de aplicação, ajustes das doses… E falhas no monitoramento, na detecção das hipoglicemias, na comunicação com o médico. Falta preparo da família e dos demais círculos sociais na hora de dar suporte a quem tem diabetes.

Cem anos depois da primeira insulina, pessoas com a doença ainda morrem de problemas cardiovasculares e padecem de amputações e sequelas renais e oculares. Por isso, o desafio para o próximo século é aliar as novas tecnologias à educação em diabetes em todos os âmbitos da sociedade. Aí, sim, a história ficará completa.

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