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VSR: um vírus pouco conhecido, mas muito perigoso

O Vírus Sincicial Respiratório pode causar problemas graves em bebês. Ainda assim, é negligenciado pela população, como mostra um especialista

Por João Henrique Leme, neonatologista*
Atualizado em 23 jun 2020, 19h24 - Publicado em 23 jun 2020, 08h33

Embora pouco conhecido pela população em geral, o Vírus Sincicial Respiratório (VSR) preocupa os pais de bebês prematuros, cardiopatas ou com problemas crônicos no pulmão. Em crianças de até 2 anos, esse agente infeccioso é responsável por 75% das bronquiolites e 40% das pneumonias durante seu período de maior incidência.

Geralmente, a sua sazonalidade acontece predominantemente no outono e no inverno. São aproximadamente 6 meses de maior frequência da doença.

Mas, no Brasil, a sazonalidade varia dependendo da região geográfica. Ela se inicia mais precocemente na região Norte (janeiro) e Nordeste (fevereiro) do país, coincidindo com o período chuvoso. As regiões Centro-Oeste e Sudeste possuem seus picos de incidência de março a julho, enquanto, no Sul, a sazonalidade acontece entre abril e agosto, período em que também circula o vírus da gripe.

De 10 a 15% dos casos entre os menores de 2 anos exigem internação hospitalar às vezes até na UTI, com uso dos respiradores. Abaixo dos 5 anos, há maior risco de formas graves e morte

Segundo artigos publicados nas revistas científicas The Lancet e The New England Journal of Medicine, o VSR é responsável por cerca de 33,8 milhões de episódios de infecção respiratória por ano em crianças com menos de 5 anos de idade, levando a cerca de 3,4 milhões internações de casos mais graves. Anualmente, são de 70 mil e 200 mil mortes — 99% delas em países em desenvolvimento como o Brasil.

O impacto na saúde pública, portanto, é gigantesco. Ainda assim, um levantamento do Datafolha de 2019 com 2 086 brasileiros revela que a bronquiolite é conhecida por metade deles (51%), mas só 24% dos entrevistados ouviram falar do VSR.

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Praticamente todas as crianças serão expostas ao VSR até os 2 anos de vida, sendo que a maioria é infectada no primeiro ano de vida, com possibilidade de reinfecções ao longo da vida. Nos adultos, ele não traz maiores danos e seus sintomas são semelhantes a um simples resfriado. Porém, esse grupo pode ser um disseminador do vírus nas crianças menores de 5 anos.

O Vírus Sincicial Respiratório é transmitido através de aerossóis emitidos a partir de pessoas infectadas ou por superfícies e objetos contaminados. A infecção ocorre quando atinge olhos, boca, nariz ou pela inalação de gotículas derivadas da tosse ou espirro.

O tempo de vida do vírus nas mãos é de menos de uma hora. No entanto, em superfícies duras e não porosas, pode durar aproximadamente 24 horas. O período de incubação da doença é de quatro a cinco dias, mas pacientes pertencentes aos grupos de riscos podem transmitir o vírus por 3 a 4 semanas após o contágio inicial.

Para a prevenção da doença, deve-se evitar que os bebês permaneçam em ambientes fechados com aglomerações de pessoas, além da imprescindível higienização frequente das mãos e dos objetos. O contato com crianças ou adultos resfriados ou gripados também deve ser evitado.

Não existe uma vacina para o combate ao VSR, porém há a possibilidade de oferecer imunização passiva através da droga palivizumabe, uma imunoglobulina que vai fornecer anticorpos ao organismo e deve ser aplicada durante cinco meses com doses mensais. O tratamento é fornecido gratuitamente pelos SUS e também coberto pelos planos de saúde somente para os grupos de riscos. A medicação é injetável de forma intra-muscular e com raros efeitos colaterais.

Os bebês de risco (prematuros até 28 semanas e 6 dias, portadores de cardiopatias congênitas e com doença pulmonar crônica) têm que ser imunizados no período da sazonalidade, inclusive se estiverem internados. Cabe aos pais seguir a rotina de imunizações após a alta da UTI Neonatal.

No caso de crianças cardiopatas e portadoras de doença pulmonar crônica, a imunização com palivizumabe também deverá ser fornecida no segundo ano de vida.

Mesmo durante a pandemia do coronavírus, outras doenças infecciosas não desapareceram e merecem receber os cuidados devidos. Para quem se interessar, clique aqui para acessar o calendário de vacinação dos prematuros, organizado pela Sociedade Brasileira de Imunizações.

*João Henrique Leme é neonatologista do Instituto Fernandes Figueira da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz)

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