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Superbactérias poderão matar mais que câncer nas próximas décadas

Apesar dos avanços científicos, a resistência antimicrobiana avança e exige uma resposta coordenada para evitar uma nova crise sanitária

Por Rafael Appel, farmacêutico*
8 nov 2025, 04h00
bacteria-resistencia
Bactérias multirresistentes: previsão da OMS é de que elas estejam por trás de 10 milhões de mortes por ano até 2050 (Ilustração: Thom Leach / Science Photo Library/Getty Images)
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Em um cenário já sobrecarregado por emergências sanitárias, a resistência antimicrobiana avança de forma silenciosa, mas preocupante.

A ONU prevê que, até 2050, infecções causadas por superbactérias podem provocar 10 milhões de mortes anuais, superando o câncer como a principal causa de mortalidade no mundo. Ainda assim, o tema vem sendo tratado como uma ameaça distante.

A resistência aos antibióticos deixou de ser apenas uma preocupação médica. Trata-se de uma questão sistêmica, que envolve desde o uso excessivo de antimicrobianos em humanos e animais, até o impacto ambiental do descarte inadequado desses compostos.

A medicina moderna, que depende desses medicamentos para intervenções de rotina, corre o risco de retroceder décadas caso esta crise não seja enfrentada de forma ampla e coordenada.

+Leia também: Supermicróbios: guerra na surdina

Por outro lado, o avanço científico vem trazendo boas notícias. Pesquisas recentes apontam para o desenvolvimento de antibióticos inovadores, com eficácia contra microrganismos altamente resistentes.

A aplicação da inteligência artificial nesse campo, por exemplo, vem acelerando a descoberta de novas moléculas, com potencial para reduzir um processo que antes levava anos para apenas algumas semanas. São movimentos promissores, mas, talvez, insuficientes se não estiverem coordenados com outras ações.

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Sem comunicação, não há prevenção

Um ponto ainda pouco valorizado no debate sobre resistência antimicrobiana é o papel da comunicação em saúde. Não podemos esperar mudanças de comportamento se a população não compreender os riscos envolvidos.

Quando superbactérias ainda são vistas como algo restrito a hospitais ou a ambientes laboratoriais, é sinal de que precisamos melhorar a forma como informamos e engajamos as pessoas.

Como profissional da saúde, percebo o quanto campanhas excessivamente técnicas, moralistas ou alarmistas afastam o público em vez de conscientizá-lo. É comum que o paciente seja culpabilizado por “usar antibiótico errado”, sem que tenha recebido orientação adequada.

Uma crise que vai além da medicina

Estudos reforçam que reduzir a prescrição de antibióticos, embora importante, não basta. Os genes de resistência continuam circulando na população, assim como a contaminação por antibióticos no meio ambiente, especialmente em águas residuais.

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Isso nos obriga a adotar uma visão mais abrangente, uma vez que não se trata apenas de um problema clínico, mas também ecológico e social. A abordagem One Health, que integra saúde humana, animal e ambiental, precisa ganhar mais espaço no debate brasileiro.

+Leia também: A natureza das pandemias: está tudo conectado!

Um chamado à ação coordenada

É preciso reconhecer que já sabemos boa parte do que precisa ser feito. O uso racional de antibióticos, investimento em saneamento, fortalecimento da vigilância ambiental, estímulo à pesquisa e ações educativas consistentes representam um caminho. O desafio está em articular essas frentes de maneira coordenada, com envolvimento de múltiplos setores.

A resistência bacteriana é um problema global, mas a resposta começa no nível local, nas práticas clínicas, nas políticas públicas e na forma como comunicamos ciência. O tempo da prevenção já passou. Entramos no tempo da resposta colaborativa e urgente — e precisamos estar preparados para agir.

*Rafael Appel, farmacêutico e diretor científico da Dr. Fisiologia

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