PRORROGAMOS! Assine a partir de 1,50/semana
Imagem Blog

Com a Palavra

Por Blog Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
Neste espaço exclusivo, especialistas, professores e ativistas dão sua visão sobre questões cruciais no universo da saúde

Por que os livros deveriam fazer parte da sua prateleira de remédios

A literatura nos ajuda a compreender melhor o mundo e nós mesmos, o que pode ter efeitos terapêuticos

Por Carolina Ruhman Sandler, escritora e biblioterapeuta*
7 out 2022, 09h54
ilustração de livro com capa contendo escrito "histórias que curam"
Biblioterapeutas prescrevem livros para aplacar alguns sintomas e sofrimentos.  (Ilustração: Veja Saúde/SAÚDE é Vital)
Continua após publicidade

Há quem diga que os livros são capazes de enganar a morte, ao menos temporariamente. Em A Louca da Casa (clique para comprar), a autora espanhola Rosa Montero conta a história de uma escritora argentina que tinha certeza de que um leitor não morria antes de chegar ao fim da obra. “É que a morte também é leitora, por isso, recomendo ter sempre algum livro a mão, porque, assim, quando a morte chega e vê o livro, se espicha toda para ver o que você está lendo, como eu faço no ônibus, e, então, se distrai”, diz na obra.

Ainda que não haja estudo científico que prove que um bom livro pode até trazer mais longevidade, todo leitor apaixonado atesta com facilidade que ler faz bem para a alma. A literatura tem um poder único: ela nos permite acessar a consciência dos personagens. Com tal ferramenta, conseguimos observar a intimidade deles e entender as escolhas que fazem – e as suas consequências.

A literatura é também uma cura para a solidão. Ao entendermos como os personagens pensam, sentem e agem, percebemos que aquilo que achávamos ser único em nós é, na realidade, uma experiência universal. Todos nos sentimos diferentes e até um pouco estranhos.

A literatura nos mostra como isso é parte da nossa humanidade. Não importa se é ficção, pois a regra básica da boa literatura é que ela deve ter sentido. A lógica interna que faz com que a ação avance sempre adiante é o que nos permite sentir e viver aquelas páginas como verdade.

+ LEIA TAMBÉM: Livro discute como vem mudando nossa relação com o trabalho

A literatura pode ser uma cura para a desesperança, pois sua premissa básica é a mudança. O romance nos mostra como os personagens se transformam ao enfrentar conflitos e desafios. Fica sempre aquela sensação: se eles conseguem, talvez nós tenhamos uma chance.

Continua após a publicidade

Elizabeth Bennet supera suas próprias barreiras e limitações internas e vai viver a sua história de amor com Mr. Darcy em Orgulho e Preconceito, de Jane Austen. Ao terminar a obra, é quase inevitável vir uma inspiração, um desejo de nos tornarmos também pessoas melhores.

Outro benefício é a possibilidade de nos encontrarmos nas páginas de um bom livro. Quantas vezes senti que o autor me conhecia melhor do que a mim mesma ao ler meus sentimentos mais profundos nas palavras do outro. O autoconhecimento pode vir de lugares inesperados – até mesmo das páginas de um romance.

“Parece obra de um gênio celestial, que se aproxima dos homens para lhes dar a conhecer a si mesmos da maneira mais natural”, exclama o protagonista de Os Anos de Aprendizado de Wilhelm Meister, de Goethe, ao ler pela primeira vez a obra de Shakespeare. A ficção é um espelho mágico.

Continua após a publicidade

Em tempos de estresse e burnout, a literatura pode ser um antídoto poderoso. Ler ficção não “serve” para nada. O propósito é puro prazer. Quer algo mais revolucionário nesta era em que buscamos aumentar a produtividade e a eficiência?

BUSCA DE MEDICAMENTOS Informações Legais

DISTRIBUÍDO POR

Consulte remédios com os melhores preços

Favor usar palavras com mais de dois caracteres
DISTRIBUÍDO POR

Tenho enxaqueca e luto contra ela há mais de uma década. Já passei por uma série de neurologistas, mas nunca vou esquecer de um em especial. A cada consulta, saía com uma recomendação de um livro junto com a prescrição médica. Alguns daqueles medicamentos funcionavam, outros não. Os livros, por outro lado, ficaram ao meu lado muito tempo depois que as crises passaram.

Continua após a publicidade

Com tantos benefícios e sem nenhuma contraindicação, a literatura deveria ser tratada como remédio. Ela cura a solidão, pode valer por algumas sessões de análise, traz empatia e nos inspira a virarmos pessoas melhores. A bula só deveria alertar que ela pode trazer dependência: minhas estantes que o digam.

Compartilhe essa matéria via:

* Carolina Ruhman Sandler é jornalista, escritora e biblioterapeuta na The School of Life

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Black Friday

A melhor notícia da Black Friday

BLACK
FRIDAY
Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

Apenas 5,99/mês*

ou
BLACK
FRIDAY

MELHOR
OFERTA

Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Veja Saúde impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de 10,99/mês

ou

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a 5,99/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.